setembro 08, 2024
Uva, vinho e amizade
Completando as deficiências
Da Siena (Italia) per il Jornal ROL, Bianca Agnelli!
5 Princípios Essenciais para Empreendedores
Vida de Rhand
A arte de escrever e transmitir emoções
Estação das flores
Últimas Notícias
Uva, vinho e amizade Completando as deficiências Da Siena (Italia) per il Jornal ROL, Bianca Agnelli! 5 Princípios Essenciais para Empreendedores Vida de Rhand A arte de escrever e transmitir emoções Estação das flores

O leitor participa: Tiago Hideo Barbosa Watanabe: Passeio histórico-cultural por Sorocaba

Print Friendly, PDF & Email
Foto 1: Participantes reunidos em frente ao letreiro principal da cidade

 Estudantes do Instituto Federal conhecem o centro histórico de Sorocaba

No último sábado, dia 27 de agosto de 2022, os estudantes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) tiveram a oportunidade de conhecer parte da história do município por meio de um passeio promovido pelo Centro de Memória Operária de Sorocaba (CMOS). A artista Flávia Aguilera e o historiador Carlos Carvalho Cavalheiro foram os responsáveis pela condução do evento que teve início no Mercado Municipal e percorreu os principais pontos históricos do centro da cidade.

Foto 3: Participante na Praça Fernando Prestes

Inicialmente, o historiador frisou sobre como patrimônios históricos podem funcionar como lugares de memória para uma sociedade lembrar a diversidade dos sujeitos sociais que compuseram a história de um município. No caso, Cavalheiro realçou a força dos escravizados em Sorocaba, as suas redes de sociabilidade e sua religiosidade na região do Mercado Central.

Foto 4: Estudantes aprendem a analisar o patrimônio histórico

O segundo ponto do passeio foi a praça Cel. Fernando Prestes, local de crimes políticos, manifestações populares como greves, encontros afetivos e de mutações arquitetônicas ditadas pelo crescimento econômico da cidade. Cavalheiro realçou como as mulheres raramente aparecem no patrimônio histórico, mesmo sendo elas protagonistas na história do município.

Posteriormente, os participantes conheceram dois outros lugares: a antiga Câmara dos Vereadores e Cadeia Pública, prédio atual dos Correios, a Praça Carlos de Campos e o monumento dedicado a Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba. Carlos Carvalho Cavalheiro discorreu sobre as territorialidades negras que historicamente se estabeleceram por meio da relação entre pessoas e o espaço físico.

No caso da Praça Carlos de Campos, por exemplo, após a extinção do antigo cemitério da cidade, aquele local abrigou uma capela dedicada à Santa Cruz, no entorno da qual os negros realizavam o batuque de umbigada, uma tradicional dança de origem africana. O historiador ensinou a analisar o patrimônio histórico a partir de detalhes contidos em placas, inscrições, frases, cores e a disposição arquitetônica dos prédios. De forma crítica, apontou que estátuas como a de Baltazar Fernandes tendem a inferiorizar os indígenas, escravizados, os trabalhadores e trabalhadoras das fábricas e exaltar um tipo de mando político bastante idealizado, sobretudo, em relação aos bandeirantes.

“Passeios culturais como esse auxiliam na divulgação das memórias daqueles grupos sociais que foram invisibilizados ao longo do tempo”, esclarece o historiador. Com isso, a educação antirracista ganha uma ferramenta de grande potencial, pois a apropriação da memória dos povos “subalternizados” promove o reconhecimento de outros sujeitos históricos – além daqueles que comumente já são reconhecidos como tais – e a valorização da sua cultura e história. Negros, indígenas, mulheres, operários e tantos outros atores sociais têm, desse modo, a oportunidade de ter a sua história contada.

Por fim, Flávia Aguilera apresentou a importância da praça Frei de Baraúna como um grande centro cultural, de oficinas artísticas e de encontros como a Feira do Beco do Inferno. A artista apresentou sua pesquisa focada em mulheres operárias, a sua dedicação em tentar adentrar na subjetividade de mulheres do passado recuperando seus possíveis medos, traumas, dramas e melancolias. Aguilera mostrou a partir da análise de caso de uma mulher sorocabana considerada “louca”, como se escondem relações de poder perversas para com as mulheres trabalhadoras e a toda resistência feminina frente a imposições dadas pela condição social, de gênero e raça.

O evento contou com a participação dos estudantes dos cursos de Pedagogia, últimos anos do ensino médio, além do público externo. O passeio realizado pelo Centro de Memória Operária de Sorocaba reforça a necessidade da acolhida para a diversidade dos sujeitos que construíram a história do município e uma postura crítica contra os muitos silêncios que historicamente os vencidos tendem a ser submetidos.

Crédito das fotos: Tiago Hideo Barbosa Watanabe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
Últimos posts por Sergio Diniz da Costa (exibir todos)
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo