‘O tropeirismo como fator de unidade nacional’ – parte II
Os estudiosos que quiserem participar deste estudo do IHGGI podem entrar em contato com o Instituto através do endereço ihggitapetininga@gmail.com ou diretamente com a confreira Alba Regina Franco Carron Luisi, coordenadora deste Grupo de Estudos.
CAPITULO 2
O Tropeiro no ciclo do açúcar
(por Alba Regina Franco Carron Luisi)
A base da economia era o engenho de açúcar, unidade de produção de açúcar , que utilizava a mão de obra escrava e tinha como objetivo principal a venda de açúcar para o mercado europeu.
Existia a produção de tabaco para moeda de troca por escravos, e a produção de algodão para a confecção de tecidos usados para roupas para os escravos e pessoas com
menor poder aquisitivo, os trabalhadores livres.
Em www.administradores.com.br, encontramos o artigo de Paulo Ricardo Salvati, bacharel em Administração pela Escola Superior de Administração, Direito e Economia- Rede Laureate Internacional Universities de Porto Alegre- RS (atual Fadergs ), usando como referência biblio gráfica” Síntese da Economia Brasileira 7 edição, Ed.LTC-S. Paulo , 1999 de Milton Braga Furtado .
“ Este subciclo (pecuária) foi uma conseqüência da expansão da produção do açúcar. O gado era originário do arquipélago de Cabo Verde e juntamente com os cavalos , fora introduzido ao Brasil através de São Vicente para atender as demandas da agroindústria do açúcar em 1534.
Os rebanhos introduzidos por São Vicente expandiram-se pelo litoral até o sul, em Viamão, onde passaram a se misturar com os rebanhos originários das colônias
espanholas. Porém Tomé de Souza trouxera maiores volumes de rebanhos para atender a agroindústria açucareira da Bahia e Pernambuco; os objetivos principais dos rebanhos eram de suprir a carência de transporte e tração animal para mover as moendas e em segundo plano sua carne servia como alimento principalmente dos escravos. Porém , com o tempo, os rebanhos passaram a danificar as plantações de cana de açúcar, sendo assim uma lei fora baixada limitando a manutenção dos rebanhos fora da área litorânea, transferindo-se para o interior………….
Assim sendo, com o tempo, além de prover os engenhos com a tração animal e transporte e a população litorânea com a carne , também passou a desenvolver a indústria do couro, fazendo com que a pecuária deixasse de ser dependente para se tornar uma atividade autônoma, originando a civilização do couro que caracterizou o panorama econômico e social do sertão nordestino do século XVII.
Inicialmente, o couro servia para embalagem para exportação………….
O aumento do consumo de carne bovina e a abundancia de sal no nordeste propiciaram a industrialização da carne salgada”.
Os tropeiros levavam imensos fardos de produtos diversos por uma região que cada vez mais se alargava graças aos inúmeros vilarejos que surgiam ligados ao desenvolvimento provocado pela pecuária que se ampliava cada vez mais , pois os animais eram criados soltos.
Na região sul, o gado introduzido na Capitania de S. Vicente também se interiorizou e se misturou com o que vinha dos Andes e de Buenos Aires , povoando as campinas
riograndenses .
Os bandeirantes a partir de 1639 começaram as tropeadas , com a tomada dos animais reunidos por jesuítas e índios aldeados ,e mulas criadas pelos espanhóis
numa região onde era comum o relacionamento entre portugueses e espanhóis.
No livro “Tropeiros de Mula: a ocupação do espaço , a dilatação das fronteiras” (Gráfica Editora Berthier Ltda, Passo Fundo, 2004), o historiador Pedro Ari Veríssimo
da Fonseca, chama a atenção para um dos fatores econômicos fundamentais na ocupação das terras americanas- a pecuária e sua conseqüência imediata, o tropeirismo.
Eram as antigas estradas usadas pelos indígenas que serviam de ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, Uruguai e outras regiões do sul.
Segundo Roberto C. Simonsen em “História Econômica do Brasil (Companhia Editora Nacional, São Paulo, 5 edição, 1967 , p 159), em 1610 tropeava-se de Santa Fé para o Peru nada menos de um milhão de cabeças de gado (Peru e Bolívia empenhavam-se na extração de ouro e prata e recebiam provisões( gêneros agrícolas, animais de tração e panos grosseiros) das regiões hispano-americanas, principalmente sul da América do Sul, a partir do norte da Argentina.
- Como o jornalista Helio Rubens vê as coisas - 9 de janeiro de 2024
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 27 de dezembro de 2023
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 22 de dezembro de 2023
É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.