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Marcelo Augusto Paiva Pereira: 'Atlântida'

Marcelo A. Paiva Pereira

Atlântida

Atlântida significa filha de Atlas em grego antigo. É uma mitológica ilha que afundou numa única noite em razão de um maremoto. Platão foi o primeiro a mencioná-la e, desde então, tem sido inspiração para diversas publicações ficcionais, de entretenimento, gibis e revistas infantojuvenis. Atualmente nossas cidades têm se assemelhado a ela devido às cheias, inundações e alagamentos resultantes das intensas chuvas e dos resíduos descartados indevidamente pelos habitantes.

Desde há muito as cidades têm se desenvolvido ao longo de rios, cujas margens sempre alagaram nos períodos de cheias. As mais antigas (ou primitivas) sociedades tinham o cuidado de evitá-las ao construírem os edifícios e ruas longe delas ou, então, construí-las sobre palafitas. Eram recursos eficazes que impediam a inundação urbana e asseguravam os afazeres do dia a dia de cada habitante.

Ao longo dos séculos a população mundial cresceu e as cidades aumentaram em tamanho e quantidade. Aldeias e pequenos vilarejos se tornaram cidades e metrópoles, ganharam espaços cada vez maiores e as complicações urbanas não tardaram a surgir. Entre tantas delas estão a ocupação de áreas de várzea e o descarte indevido de resíduos e rejeitos pelos habitantes.

Em relação à ocupação de áreas de várzea, muitas são as causas, das quais figuram a condição econômica de cada indivíduo ou família, os interesses políticos e, também, a falta de projetos urbanísticos. O urbanismo somente surgiu como ciência (ou técnica) após a primeira revolução industrial (1760-1840), ocorrida na Inglaterra. Antes dessa época era politizado e obra de generalistas, contratados pelo rei ou pela nobreza.

Em razão da natureza do urbanismo anterior à aludida revolução, os projetos visavam ao favorecimento da nobreza e do rei, os quais controlavam o povo que a eles se submetiam na forma dos costumes e da legislação (Ordenações do Reino, por exemplo). As classes populares com menor poder aquisitivo que quisessem morar nas cidades iam habitar nas várzeas dos rios ou próximas a elas, em áreas (potencialmente) alagadiças, nas quais surgiram habitações e outros edifícios.

Em relação ao descarte indevido de resíduos e rejeitos pelos habitantes, durante séculos as cidades europeias e de outros continentes eram desprovidas de redes de esgoto, de sistemas de tratamento de água para consumo e de canalizações de água e de esgoto nas habitações e em outros edifícios.

Somente em meados do século XIX que o sanitarismo foi acolhido como infraestrutura urbana, após o surto de cólera em Londres (1854) e durante a administração pública de Haussmann, então prefeito de Paris (1853-1870). Antes desses fatos o sanitarismo era inexistente ou inexpressivo, sem repercussão urbanística. Os habitantes jogavam todos os dejetos, resíduos e rejeitos nas ruas, que as tornavam imundas e insalubres.

Atualmente vivemos situação assemelhada às cidades das Idades Média e Moderna devido ao exacerbado crescimento populacional, do descarte indevido de resíduos e rejeitos pelos habitantes, da legislação que limita a atuação do administrador público, da especulação imobiliária e de infelizes projetos urbanísticos, os quais não conseguem solucionar a contento os problemas urbanos. Diante dessas situações colidentes, nossas cidades serão a próxima Atlântida?

Marcelo A. Paiva Pereira

 

 

 

 

 

 

Marcelo Paiva Pereira
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