Estudantes dos 8ºs e 9ºs anos da EMEF. Coronel Esmédio, de Porto Feliz, participaram de uma atividade diferente na aula de História
Eles foram desafiados a formar um júri para realizar o julgamento de duas personalidades históricas: Getúlio Vargas e Charles Chaplin.
A proposta do trabalho foi feita pelo professor de História da escola, Carlos Carvalho Cavalheiro. Para os alunos dos 8ºs anos, o professor Carlos orientou que se fizesse o julgamento do personagem “Carlitos” no filme “Tempos Modernos”. Nesse filme, o protagonista é preso diversas vezes por motivos questionáveis.
“Fica nítida a crítica de Charles Chaplin aos valores da sociedade burguesa nesse filme, especialmente quando a justiça e o poder de polícia são utilizados como instrumentos para opressão dos mais desvalidos”, defende o professor.
A partir da assistência desse filme, os alunos foram instigados a produzir um julgamento, acusando formalmente o personagem de um dos “delitos” apresentados no filme.
Os alunos, então, se dividiram em promotoria, juiz, testemunhas, advogado de defesa, escrevente e jurados. Com isso, a partir de pesquisa sobre a sociedade na época do filme, além da própria história de Chaplin, os estudantes realizaram o julgamento.
Já os alunos dos 9ºs anos fizeram o julgamento a partir de um fato explicitado no filme e no livro “Olga”, que trata da história da companheira de Luís Carlos Prestes, a militante Olga Benário, que foi entregue ao governo nazista de Hitler, pelo governo getulista, apesar de estar grávida.
Olga e Prestes foram presos em 1936 pela participação no episódio que ficou conhecido como “Intentona Comunista de 1935”.
O governo de Getúlio Vargas autorizou a deportação de Olga, que era alemã, judia e comunista, para a Alemanha de Hitler. Com isso, o destino de Olga foi selado: acabou morrendo nos campos de concentração nazista em 1942. A sua filha, Anita Prestes, foi resgatada depois pela mãe de Prestes e hoje é historiadora.
“Além do aprendizado de conteúdos de História, os estudantes desenvolvem outras habilidades do chamado currículo oculto”, defende o professor Carlos Carvalho Cavalheiro. “Afinal, – continua o professor – eles aprendem a produzir textos diferenciados, a selecionar materiais de pesquisa, a organizar e a trabalhar em grupo, a obter argumentos para o debate… Isso é riquíssimo”.
Os estudantes realizaram a atividade do julgamento com debates entre a defesa e a acusação, sendo que todo o debate, assim como os depoimentos, foram registrados por escrito, formando um “processo”. Após os debates, os jurados se reuniram e decidiram se os acusados eram culpados ou inocentes.
“O curioso é que cada sala decidiu de uma forma, mostrando que toda história tem mais de uma versão e que prevalece sempre aquela que convence mais”, salienta o professor.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.