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Porto Feliz e a Revolução Constitucionalista de 1932 – Parte 1

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A história da Revolução Constitucionalista de 1932 ainda suscita estudos mais aprofundados posto que o movimento paulista carrega consigo uma complexidade de informações e fatos que analisados em conjunto trazem à tona novas perspectivas. Isso quando se trata do movimento de forma genérica, como um todo. Porém, a contribuir com a complexidade do tema, há ainda que se ressaltar que os estudos locais e regionais, considerando como palco das atuações as cidades, ainda estão engatinhando. A participação da cidade de Porto Feliz na Revolução de 1932, por exemplo, é um tema muito pouco dissertado. Recordo-me de ter chamado a atenção para esse fato quando o governo municipal deu vistas à intenção de adquirir mais uma edição do livro “Canto, Conto e encanto com a minha história”, obra essa publicada pela Editora Noovha América e organizada por Oscar D’Ambrosio. Infelizmente, na referida obra, não constou informações sobre a participação da cidade nesse relevante episódio da história paulista.

O incentivo à pesquisa, especialmente de cunho histórico, ainda não é uma realidade entre nós. O Brasil ainda investe muito pouco em seus pesquisadores e, com isso, nossa identidade é sempre construída a partir de uma memória fragilizada. Enquanto isso, vamos insistindo na tentativa de deixar alguns “cacos” dessa memória para as gerações vindouras.

O jornal “O Estado de São Paulo”, no dia 30 de agosto de 1932, publicou uma extensa nota sobre o movimento revolucionário paulista, informando sobre o desenrolar do fatos em diversas cidades. Nessa matéria encontra-se o seguinte:

 

Em Porto Feliz – Movimento Constitucionalista

Reina nesta cidade grande enthusiasmo pela causa constitucionalista. Daqui já seguiram muitos voluntários.

Á commissão de abastecimento, nessa capital, foram remettidos, há dias, innumeros donativos, contribuição desta cidade e do município.

A lista aberta para auxiliar a compra de capacetes de aço recebeu assignaturas correspondentes a mais de 100 capacetes.

Os operários do Engenho Central contribuíram com um dia de seus ordenados em beneficio da causa constitucionalista.

 

Capacetes de aço eram utilizados pelos combatentes paulistas, o que lhes valeu o apelido posteriormente. Apesar de ser um movimento que procurava restabelecer a participação de São Paulo no cenário político nacional – participação essa abalada com a Revolução de 1930 que pôs Getúlio Vargas no poder – o apelo para uma nova Constituição que garantiria regras democráticas acabou por contagiar amplos setores da sociedade. Como se vê, no caso de Porto Feliz, houve desde financiadores da compra de capacetes de aço (provavelmente, membros das classes mais abastadas), até a doação da remuneração de um dia de trabalho pelos operários do Engenho Central.

As notícias publicadas pelo mesmo jornal em 11 de setembro de 1932 dão uma melhor dimensão sobre esse fato. Segundo o jornal, até aquele dia 92 (noventa e dois) voluntários porto-felicenses partiram para o front, “prestando serviços nas trincheiras constitucionalistas”. Em 21 de agosto daquele ano, promoveu-se uma corrida de touros, cuja arrecadação da bilheteria, no montante de 389$700, foi remetida para a causa constitucionalista. O espetáculo de corrida de touros foi oferecido por Victorio Pelegrini. O Grêmio Dramático “Leopoldo Fróes” também colaborou, doando a renda de um espetáculo para a Revolução. A corporação Musical “União” realizou no dia 28 de setembro uma quermesse, cuja arrecadação foi entregue para a municipalidade com o fim de se construir a Casa do Soldado.

Essa “Casa do Soldado” deveria ser instalada na Estação de Santo Antonio e tinha por finalidade “attender aos militares que por alli passam”. A instalação dessa casa foi requerida pelo prefeito municipal Gabriel Antonio de Carvalho. Possivelmente esse empreendimento não tenha sido levado à efeito, já que o movimento armado terminou no início de outubro daquele ano.

 

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

12.09.2016

Helio Rubens
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