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Celso Lungaretti: 'OS CAMINHOS QUE RESTAM PARA LULA'

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OPÇÕES SUGERIDAS A LULA: BUSCAR ASILO POLÍTICO OU ACEITAR A PRISÃO E VOLTÁ-LA CONTRA OS INIMIGOS, COMO MANDELA FEZ

Nassif: prisão de Lula é favas contadas.

Escreveu o veterano comentarista político e econômico Luís Nassif:

A questão não é se ele [Lula] será preso na Operação Lava Jato, mas quando. Afinal, sua culpa foi determinada desde sempre. É uma operação que não nasce para investigar se há culpa, mas para encontrar algo que justifique uma culpa definida de antemão…

Haverá dois caminhos para Lula. 

Um deles será buscar o asilo político em alguma embaixada e, fora do país, ter liberdade de ação para denunciar o regime de exceção instaurado. 

O segundo caminho seria aceitar a prisão e transformar-se na reedição de Mandela. Pesa contra essa possibilidade a própria idade de Lula. Até que a democracia seja restabelecida, provavelmente não voltaria a ver a luz do dia.

Pragmaticamente, pergunto: qual país importante hoje acolheria o Lula?

Pois, se ele conseguisse asilo nos EUA, na França, na Inglaterra, na Espanha, na Itália, na Alemanha, até mesmo na Argentina, suas declarações correriam mundo.

Mas, enfurnando-se na Bolívia, na Venezuela ou no Equador, ficaria isolado e ignorado, logo sendo esquecido. Edward Snowden, aliás, está doidinho para ir embora da Rússia, até exortou Obama a perdoá-lo antes de deixar a Casa Branca.

Snowden em Moscou: quase esquecido.

Aceitar a prisão seria levantar a bola para os inimigos marcarem o ponto, libertando Lula por decisão humanitária, talvez mediante a inclusão do seu nome em algum indulto natalino. Passaria a imagem de alguém que delinquiu mas, por ser velhinho, soltaram para morrer fora das grades.

Equiparar-se a Mandela? Ele foi preso porque resistia heroicamente ao colonialismo, enquanto o Lula está sendo acusado de não haver resistido à$ tentaçõe$ do capitalismo. A diferença é grande.

E o Mandela tinha outra têmpera: comeu o pão que o diabo amassou durante 27 anos de prisão.

Em 1980, Lula passou 31 dias em cana, mas admite que que mais parecia uma “prisão vip”, com direito a jogar bola e assistir às partidas do Corinthians pela TV. Fez greve de fome por seis dias e encerrou-a aliviado: 

Sempre fui contra, judiar do meu próprio corpo não é comigo, mas o pessoal decidiu.

Enfim, insisto em recolocar a opção que nem Nassif nem nenhum grão petista está levando em consideração, mas é a única que pode poupar Lula dos desgostos e dos rigores da prisão: negociar com o outro lado algum acordo na linha do que Getúlio Vargas firmou quando foi derrubado do poder em 1945.

Lula suportaria o que Mandela suportou?

Em troca de não ser preso nem obrigado a  deixar o Brasil, ele aceitou hibernar da política no longínquo município gaúcho de São Borja (a 585 quilômetros de Porto Alegre), onde tinha uma fazenda. Ficou de bico calado durante quase todo o Governo Dutra, aí saiu da toca, candidatou-se à Presidência e venceu.

Se Lula oferecesse sua aposentadoria definitiva da política em troca da liberdade, será que aqueles que estão com a faca e o queijo na mão aceitariam? Francamente, não sei. Decerto evitariam muitos problemas e desgastes desnecessários selando o pacto. Mas, talvez preferissem exibir a cabeça do Lula como troféu. 

E o Judiciário, concordaria? Bem, para quem já engoliu o sapo da manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff, não passaria de um batráquio a mais. Barbudo.

Há quem acredite que os supremos e superiores sejam mesmo soberanos em suas decisões. Eu mantenho o que sempre afirmei: apesar de toda aquela pompa brega de togas vampirescas e balanças quebradas, o poder que realmente manda e desmanda no Brasil é o econômico. Os três daquela pracinha de Brasília não passam de eternos serviçais posando de patrões.

Helio Rubens
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