Inspirado em ‘Rei Lear’, obra-prima da maturidade de Shakespeare, e no artista Arthur Bispo do Rosário, Leão Rosário estreia no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo
O espetáculo é uma adaptação de Shakespeare trazida para a ancestralidade africana com concepção, atuação e dramaturgia de Adyr Assumpção, que comemora 50 anos de carreira, e direção de Eduardo Moreira. A estreia paulistana acontece no dia 24 de maio no CCBB-SP
Depois de temporada de sucesso em Belo Horizonte em março, o solo Leão Rosário, desembarca no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) para uma nova temporada entre os dias 24 de maio e 23 de junho. As apresentações acontecem às quintas, sextas e segundas-feiras, às 19h, e aos sábados e domingos, às 17h.
O espetáculo é solo para ator, vozes e objetos inspirado em “Rei Lear”, obra-prima da maturidade de Shakespeare na tradução de Millôr Fernandes e em Arthur Bispo do Rosário, artista visual sergipano que construiu suas obras trilhando os caminhos da arte e da loucura, sendo reconhecido nacional e internacionalmente.
A trama trazida para a ancestralidade africana e ambientada na costa Atlântica de uma África atemporal conta a história de um velho rei que, ao abdicar e dividir seu vasto reino entre as filhas, toma uma decisão insensata com trágicas consequências.
“Rei Lear” reflete, entre outros aspectos, sobre o envelhecimento. Ao ser associada à personalidade de Bispo do Rosário, a peça propõe uma reflexão sobre as questões dos mais velhos na nossa sociedade, a nossa memória africana, as heranças simbólicas, a criatividade e principalmente os limites da sanidade.
Ao realizar este espetáculo, o Centro Cultural Banco do Brasil valoriza a produção teatral nacional, além de apoiar um projeto que estimula a reflexão e traz diversidade e ancestralidade aos palcos, reafirmando seu compromisso de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura.
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O trabalho comemora os 50 anos de carreira do ator, diretor, escritor, roteirista e produtor Adyr Assumpção, que, antes mesmo de traçar sua brilhante trajetória no teatro, na televisão e no cinema, estreou nos palcos no papel de Puck, personagem de “Sonho de um Noite de Verão”, de William Shakespeare (1564-1616). Adyr também é autor do livro “Caminhos da África”, que foi adotado pela rede pública e particular de escolas do Estado de São Paulo.
Desta vez, Assumpção retoma às próprias origens ao encenar Leão Rosário: “Ao longo de toda a minha carreira flertei muito com a obra de Shakespeare. Então, é muito representativo para mim celebrar 50 anos de atuação com uma obra que teve como inspiração um de seus textos mais emblemáticos. Apesar de não ser uma versão de sua obra, o espírito shakespeariano está presente, ao lado de diversas outras referências importantes para a minha trajetória como artista”, revela.
E, para dirigi-lo em cena, ele convidou Eduardo Moreira, fundador do Grupo Galpão. “O encontro com Adyr a partir de sua adaptação de Shakespeare trazida para a ancestralidade africana foi um presente e um chamado, uma espécie de dádiva que o teatro nos dá e que nos permite mergulhar num universo tão vasto e profundo”, comenta o diretor.
Completam a ficha técnica o artista plástico ouro-pretano Jorge dos Anjos, que criou o tapete cênico, e a bordadeira Stella Guimarães, do Vale do Jequitinhonha, que assina o figurino – ela já realizou trabalhos para estilistas como Ronaldo Fraga e Alexander McQueen.
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Um pouco mais sobre o espetáculo
O velho rei Leão Rosário, desejoso de se retirar de suas obrigações, decide repartir seu vasto império entre suas três filhas e deixar a maior parte do território para aquela que mais o ama. As mais velhas, Makeda e Akosua, com adulações e falsas afirmações, dizem que o amam acima de tudo. Agotimé, a mais nova e verdadeira, surpreende afirmando que seu amor por ele é do tamanho de seu dever.
O Rei se enfurece com a resposta, deserda e expulsa Agotimé, que parte e se casa com o Rei das Florestas. Leão Rosário divide o reino entre as duas outras filhas, com a condição de morar, em ciclos mensais, com cada uma das duas. No caminho de Leão Rosário surgem Sundiata, que passa a servi-lo, e Sotigui, o griot que procura acordar a consciência do rei. Ao contrário do que pensava o Rosário, Makeda trama para obter o poder total e, junto com Akosua, acaba por abandoná-lo à própria sorte.
Leão Rosário, sofrendo por suas escolhas, sem a força e a razão que outrora o fizeram um grande rei, perambula atormentado por suas terras transformadas em um céu abismal, enquanto invoca os elementos da natureza e conversa com vozes e objetos.
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Essa transposição da obra de Shakespeare para a África e as diásporas negras, para Assumpção, segue um importante movimento de decolonização na cena teatral.
“Seguimos o caminho de dramaturgos como Wole Soyinka, Aimé Césaire e Abdias Nascimento, que se inspiraram na obra do bardo inglês para contar histórias de suas regiões, religiões e costumes, sempre resistindo e avançando com a cena teatral nos movimentos de descolonização. No sentido contrário e, ao mesmo tempo, uma sobreposição feliz, também nos inspira o teatro de Peter Brook, que em sua universalidade dialoga com as formas africanas de contar histórias”.
“Para muitos, William Shakespeare inventou, nas artes, o homem moderno. E a característica principal desta invenção é a capacidade de nos transformarmos. Até a um herói trágico é dada a possibilidade de contrariar o destino. Tal maleabilidade se estende para o conjunto de sua obra. Nessa encruzilhada, nesse ponto de Exu, o reencontro com Bispo do Rosário, o artista, o homem preto, aprisionado, obstinado no cumprimento de sua missão de reconstruir o mundo, a conta brilhante, brilhante de ouro e prata, do rosário dos homens pretos do Brasil. As vozes de dentro e as de fora trespassando nosso coração”, acrescenta Assumpção sobre o encontro entre Shakespeare e Bispo do Rosário.
Sinopse
Leão Rosário é um espetáculo solo para ator, vozes e objetos inspirado em “Rei Lear”, obra prima da maturidade de Shakespeare e, no artista Arthur Bispo do Rosário. A trama trazida para a ancestralidade africana e ambientada na costa Atlântica de uma África atemporal conta a história de um velho rei que, ao abdicar e dividir seu vasto reino entre as filhas, toma uma decisão insensata com trágicas consequências. Com esta encenação, Adyr Assumpção celebra 50 anos de teatro.
Ficha Técnica
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil e Ministério da Cultura
Concepção, dramaturgia e atuação: Adyr Assumpção
Direção: Eduardo Moreira
Assistente de direção: Letícia Castilho
Inspirado na obra Rei Lear de William Shakespeare na tradução de Millôr Fernandes
Direção Musical e Preparação Vocal: Ernani Maletta
Preparação Corporal: Camilo Gan
Cenário: Jorge dos Anjos
Objetos e Adereços em bambu: Lúcio Ventania
Adereços: Adriana D’Assumpção
Iluminação: Eliezer Sampaio
Arquitetura: João Diniz
Manto e Farda: Bordados: Stella Guimarães
Manto e Farda: Modelagem: Silvia Reis
Túnicas: Rosângela Cristina de Oliveira
Trilha Sonora Original: Heberte Almeida
Vozes gravadas: Michelle de Sá (Makeda),Elisa de Sena(Akosua),Iasmim Alice(Agotimé), Reibatuque (Rei das Matas), Eduardo Moreira ( Sundiata) e Ernani Maletta (Sotigui).
Músicos: Heberte Almeida, Pablú e Leo Alves
Estúdio de Gravação e Mixagem: Leonardo Marques – Ilha do Corvo
Mixagem de voz : Flora Guerra
Programação Qlab – Vinicius Alves
Fotografia: Pablo Bernardes
Vídeos: Alex Queiróz
Design Gráfico: Flávio Vignoli
Produção Executiva: Tâmara Braga e Maíz d’Assumpção
Idealização e Produção: T’AI Criação e Produção
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
SOBRE ADYR ASSUMPÇÃO
Adyr Assumpção é ator, diretor, escritor, roteirista e produtor, graduado em Artes Cênicas pela UFMG e Mestre em Artes pela UNICAMP. Iniciou sua carreira há 50 anos, como ator em “Sonho de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare. Seu mais recente trabalho como diretor e dramaturgo foi o espetáculo “Sortilégio: Mistério Negro “, na abertura do quarto ato da exposição “Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra”, do Museu Inhotim.
Em outubro passado, estreou no Festival do Rio o filme “Coro do Te- Ato”, que registra sua participação como ator do Coro do Teatro Oficina do diretor Zé Celso Martinez. Adyr criou e integrou o Grupo de Teatro Kuzala durante uma década, responsável por espetáculos, como “Tatuturema”, de Sousândrade, e “Círculo de Giz Caucasiano”, de Bertold Brecht. Em seguida dirigiu e atuou em “Jogo de Guerra, Malês”, parceria com o poeta Ricardo Aleixo.
Desde então, atuou, dirigiu e produziu mais de uma centena de produções, incluindo cinema, televisão e artes cênicas. Foi curador e diretor artístico do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, o FAN.
Recentemente dirigiu e atuou em “Açoteia” do português Luis Campião, dirigiu “Quilombo de Bach” para o Projeto !PULSA! Movimento Arte Insurgente (2023). Atuou nas séries “Colapso”, produção Quarteto Filmes (2023) e “Mostra a sua Cara” (2019) produção Aldeia, “Lodo” de Helvécio Ratton (2020) e “O Silêncio das Ostras”, com direção de Marcos Pimentel (em finalização).
SOBRE O CCBB SP
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, iniciou suas atividades há mais de 20 anos e foi criado com o objetivo de formar novas plateias, democratizar o acesso e contribuir para a promoção, divulgação e incentivo da cultura. A instalação e manutenção de nosso espaço em um prédio, em pleno centro da capital paulista, reflete também a preocupação com a revitalização da área, que abriga um inestimável patrimônio histórico e arquitetônico, fundamental para a preservação da memória da cidade. Temos como premissa ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura, em suas diferentes formas. Essa conexão se estabelece mais genuinamente quando há desejo de conhecer, compreender, pertencer, interagir e compartilhar. Temos consciência de que o apoio à cultura contribui para consolidar sua relevância para a sociedade e seu poder de transformação das pessoas. Acreditamos que a arte dialoga com a sustentabilidade, uma vez que toca o indivíduo e impacta o coletivo, olha para o passado e faz pensar o futuro. Com uma programação regular e acessível a todos os públicos, que contempla as mais diversas manifestações artísticas e um prédio, que por si só, já é uma viagem na história e arquitetura, o CCBB SP é uma referência cultural para os paulistanos e turistas da maior cidade do Brasil.
SERVIÇO
Espetáculo Leão Rosário
Temporada: 24 de maio a 23 de junho
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, São Paulo – SP
Horário: Quintas, sextas e segundas, 19h | Sábados e domingos, 17h.
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia) em bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB (Disponíveis a partir de 17 de maio) * Desconto de 50% no valor do ingresso para clientes BB.
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 120 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Entrada acessível CCBB SP: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Funcionamento CCBB SP: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do
Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa
Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB
(200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma
parada no metrô República. Das 12h às 21h.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024