Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘REFORMA DO ENSINO MÉDIO’
A pretendida reforma do ensino médio tem gerado aplausos entusiasmados e contestações veementes.
Na verdade, não é a solução para todos os problemas, nem fere de morte nossos estudantes. No grau de radicalismo político, a que chegamos, qualquer iniciativa gera reações extremadas, que conturbam a discussão e pouco elucidam o tema.
A situação atual de nosso ensino médio é calamitosa, e vitima os milhões de brasileiros que por ele transitam. Outrora, o estudante tinha a opção de escolher entre o Científico, Clássico ou Normal, conforme sua vocação para as áreas humanas ou exatas.
Com o tempo, tudo acabou afunilado para uma sopa comum de matérias, acabando por ensinar pouco, buscando ensinar tudo. Foi solenemente desrespeitada a preferência e tendência vocacional de cada aluno.
O resultado, óbvio, foi a elevada taxa de evasão e os péssimos resultados nos testes de aprendizado. Os estudantes, em sua maioria, terminam o ensino médio sem uma formação técnica, útil ao emprego, e sem uma base teórica que permita adentrar uma universidade de alto nível.
Aos que encerram a vida escolar no ensino médio, imensa maioria, resta emoldurar o diploma e tentar uma vida profissional, sem qualquer formação específica. Aos que pretendem continuar os estudos, resta a frequência a cursinhos, se puderem custeá-los, ou a aventura do autodidatismo.
Nossos secundaristas possuem matérias em excesso, e pouco tempo para assimilar todos os conteúdos. A solução, óbvia, passa pela diminuição do número de disciplinas, e a disponibilização de outras, à escolha dos estudantes.
Toda disciplina tem seus fundamentos, utilidades e adeptos, e a eleição das que serão desprestigiadas, como Educação Física, Sociologia e Filosofia, funciona, sempre, como uma declaração de guerra. Não cremos catastrófica a retirada de tais disciplinas.
A pretendida reforma prevê o aumento das horas de estudo e permanência na escola, iniciando uma escalada rumo ao período integral, que exige estruturas e recursos ainda não disponíveis. Esse, a nosso ver, o aspecto mais intrincado da matéria, por envolver também a valorização da docência.
A reforma do ensino médio vem sendo discutida há décadas, e é urgente, motivo de haver sido encetada por via de Medida Provisória. No Congresso, as discussões envolvem audiências públicas e oitiva dos segmentos interessados.
O país vem sendo acometido por inusitado assembleísmo, e é impossível discutir o tema com cada grupo de 5 ou 10 alunos. A reforma não é uma obra acabada, e sempre haverá a possibilidade de correção de rumos. O importante é, ainda que tardiamente, iniciá-la.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.