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Pedro Novaes: 'Puxa-sacos'

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colunista do ROL
Pedro Novaes

Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘PUXA – SACOS’

 

O mundo sempre esteve repleto de puxa – sacos.

O dano que causam pode ser comparado aos causados pelos corruptos, cujos crimes podem resultar em condenações criminais. A rigor, o puxa-saco não comete crime punível.

No ambiente de trabalho, o puxa-saco valoriza e enaltece até os méritos que o chefe não possui, e rola de rir antes mesmo do chefe completar a piada. Normalmente, é uma criatura afável e cativante, pois só emite as opiniões desejadas por quem as ouve.

Com isso, acaba ultrapassando os colegas de trabalho que agem com mais naturalidade, conquistando as promoções que surgem.  Atua como sabotador dos sistemas de avaliações funcionais.

Os avanços da humanidade só ocorreram quando a legião de puxa-sacos não conseguiu seu intento, que é manter tudo como está, para levar vantagem naquilo que fica. Como o puxa-sacos jamais emite opinião contrária aos poderosos, é incapaz de gerar inovações.

Minha única e frustrada carreira, como puxa-saco, durou cerca de meia hora, e graças a Deus foi demolida pelo gigantesco zero que consegui, do saudoso professor Serrano, quando cursava o primeiro ano ginasial, em Avaré. O tema da redação era “Recreio”, e o bobo aqui iniciou escrevendo que “…o recreio era um período triste, pois estaria afastado dos ensinamentos do mestre…”.

É o puxa-saquismo que apodrece os centros de poder, induzindo o mandatário à noção de que é Deus, sempre repleto de razão. O puxa-saco público trabalha para o superior hierárquico, não para o país, estado ou município.

Existem, milhões, puxa-sacos de ocasião, que atuam, preferencialmente, em eleições. Enquanto as urnas não são abertas, consegue o milagre de agradar todos os candidatos, e parecer isento, mas logo inicia sua atuação virulenta, junto ao eleito.

Alguns passam a vida inteira atuando, sem conseguir qualquer benefício com a atuação. Por serem iniciantes, ou mal disfarçarem o vício, acabam desacreditados.

A humanidade caminha através do embate civilizado de ideias e contraposição ética de procedimentos, o que, por definição, exclui os puxa-sacos.

Servientes e despersonalizados enquanto subalternos, demonstram-se cruéis e personalistas quando poderosos. Compõem, juntamente com corruptos, preconceituosos e tiranos, a mais daninha das escórias.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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