Paty Fonte e Victor Meirelles:
‘Formando cidadãos emocionalmente saudáveis’
Será que nós, adultos, pais, educadores, cuidadores, percebemos a importância das emoções no processo de desenvolvimento do ser humano?
Nosso século é marcado pelas tecnologias digitais e por transtornos emocionais.
Um fato inédito na história preocupa e entristece: pela primeira vez os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos.
Assustadoramente aumentam os índices de problemas psíquicos entre crianças e jovens. Cresce a cada dia o número de jovens que se mutilam. A automutilação atinge adolescentes no Brasil e no mundo. Pesquisas indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal. Além disso, em nosso país, as taxas de suicídio cresceram na população em geral. O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil.
Uma das causas desta triste realidade é o bullying.
Bullying não é brincadeira
Bullying é um termo em inglês que se refere a um tipo de agressão intencional, repetida e sistemática, praticada por um indivíduo ou grupo contra outro, causando sofrimento e angústia à vítima. Essa violência pode se manifestar de diversas formas, como:
- Física: agressões físicas, como socos, chutes, empurrões, roubos e danos a propriedades.
- Verbal: insultos, apelidos, ameaças, humilhações, fofocas e disseminação de rumores.
- Relacional / Psicológico: exclusão social, isolamento, manipulação de relacionamentos, boatos e disseminação de informações falsas.
- Ciberviolência / Ciberbullying: bullying praticado por meio de tecnologias digitais, como redes sociais, e-mails e mensagens de texto.
É importante ressaltar que o bullying não é uma simples briga ou desentendimento ocasional. Ele se caracteriza pela repetição das agressões, pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vítima, e pela intenção de causar sofrimento psicológico e emocional.
Na lei federal 13185/2015 – Programa de Combate à Intimidação Sistemática / Bullying, os seus artigos e parágrafos classificam e descrevem o bullying e abordam o dever e as obrigações das instituições de ensino ou relacionadas à educação. Para o combate, conscientização e prevenção do bullying, intimidação sistemática e violência na comunidade escolar .
Quais as principais consequências do bullying?
As consequências do bullying podem ser devastadoras para as vítimas, afetando sua saúde física, emocional e social. Algumas das principais consequências incluem:
- Problemas emocionais: depressão, ansiedade, baixa autoestima, medo, insegurança, isolamento social, dificuldade em confiar nas pessoas.
- Problemas comportamentais: agressividade, retraimento, dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar, problemas de sono, mudanças no apetite.
- Problemas físicos: dores de cabeça, dores de barriga, problemas estomacais, enurese (xixi na cama), dificuldades respiratórias.
- Pensamentos suicidas: em casos mais graves, o bullying pode levar a pensamentos suicidas e, em alguns casos, ao suicídio.
É fundamental que a sociedade como um todo esteja atenta ao problema do bullying e trabalhe para prevenir e combater essa prática. Escolas, famílias, comunidades e profissionais de saúde devem atuar em conjunto para oferecer suporte às vítimas, produzir atividades de conscientização da violência para os agressores e promover um ambiente escolar e social mais seguro e acolhedor para todos.
Além de fundamental e necessário é dever e obrigação as práticas, atividades e programas de combate, conscientização e prevenção do bullying e da violência na comunidade educacional, cunhado pela lei federal 13185/2015, além de desde 2024 o bullying e o Cyberbullying se tornar crime, com pena de prisão e multa pela lei 14811/2024.
Ensinar habilidades socioemocionais
A família desempenha um papel fundamental na prevenção e combate ao bullying. Ao cultivar um ambiente seguro, aberto ao diálogo e baseado no respeito, os pais podem ajudar seus filhos a desenvolverem habilidades sociais importantes e a lidarem com situações de conflito de forma saudável.
Ajude seus filhos a desenvolverem habilidades socioemocionais importantes, como a assertividade, a resolução de conflitos e a comunicação eficaz.
Aqui estão algumas dicas práticas para te ajudar nessa tarefa:
1. Seja um modelo:
- Demonstre as habilidades que você deseja que seu filho desenvolva: Seja gentil, respeitoso, colaborativo e empático em suas interações com outras pessoas.
- Comunique-se de forma clara e assertiva: Mostre como expressar seus sentimentos e necessidades de maneira respeitosa.
2. Incentive a interação social:
- Organize brincadeiras e atividades em grupo: Estimule a interação com outras crianças, como festas de aniversário, piqueniques ou jogos em parques.
- Inscreva seu filho em atividades extracurriculares: Esportes, aulas de música ou dança são ótimas oportunidades para desenvolver habilidades sociais.
3. Ensine a importância da empatia:
- Converse sobre os sentimentos dos outros: Ajude seu filho a entender como as outras pessoas se sentem em diferentes situações.
- Incentive a ajudar os outros: Mostre que pequenas ações de gentileza podem fazer uma grande diferença.
4. Promova a resolução de conflitos:
- Ajude seu filho a identificar seus sentimentos: Incentive-o a nomear o que está sentindo quando está bravo, triste ou frustrado.
- Ensine estratégias para resolver conflitos: Explique que é possível resolver problemas de forma pacífica, através do diálogo e da negociação.
5. Elogie os comportamentos positivos:
- Reconheça e elogie as atitudes positivas do seu filho: Isso o motivará a repetir esses comportamentos.
- Seja específico: Ao elogiar, destaque o comportamento específico que você gostou.
6. Leia livros e conte histórias sobre amizade e cooperação:
- Escolha livros com personagens que demonstram habilidades sociais positivas: Isso ajudará seu filho a identificar e imitar esses comportamentos.
- Converse sobre as histórias: Faça perguntas abertas para estimular a reflexão e a compreensão.
7. Incentive a participação em atividades familiares:
- Cozinhem juntos: Essa atividade promove a cooperação e a comunicação.
- Joguem jogos de tabuleiro: Jogos como “Detetive”, “Imagem e Ação” e “Monopoly” estimulam o raciocínio lógico, a estratégia e a interação social.
8. Estabeleça limites claros e consistentes:
- Explique as regras da casa: Seja claro sobre o que é esperado do seu filho.
- Seja consistente ao aplicar as regras: Isso ajuda a criança a entender o que é certo e o que é errado.
9. Seja paciente e persistente:
- Desenvolver habilidades sociais leva tempo: Não espere que seu filho aprenda tudo de uma vez.
- Celebre as pequenas conquistas: Reconheça o progresso do seu filho e incentive-o a continuar tentando.
Lembre-se: O exemplo é a melhor forma de ensinar. Ao demonstrar as habilidades sociais que você deseja que seu filho desenvolva, você estará mostrando a ele o caminho a seguir.
Referência:
Para adquirir o e-book 7 Práticas Fundamentais de Prevenção ao Bullying, de Paty Fotny e Victor Meirelles, acesse:
https://artefazpartearteeducao.sualojaonline.app/item/14414294/ebook-7-praticas- fundamentais-de-preven-cao-ao-bullying-para-familias-paty-fonte-e-victor-meirelles
Sobre os autores
Paty Fonte – consultora educacional, filósofa, palestrante.
Especialista em Pedagogia de Projetos e Educação Infantil; escritora com vários livros, publicados, dentre eles ‘‘Competências Socioemocionais na Escola e Práticas Socioemocionais para Dinamizar o Ambiente Escolar’, ambos publicados pela WAK Editora.
Victor Meirelles – artista, palestrante, Arte Educador, escritor, filósofo, quase Doutor, teve como orientadora no PACC UFRJ a imortal Heloisa Buarque de Holanda; é Mestre em Psicossociologia da Saúde e Comunidade EICOS UFRJ e pesquisador dos Institutos de Psicologia e Psiquiatria na UFRJ. Pós-Graduado em Filosofia e Direitos Humanos.
Atualmente está realizando um projeto na Universidade de Barcelona. Artista, o qual desenvolve trabalhos de Arte educação, palestras, teatro, cinema e televisão no Brasil e exterior.
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