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Élcio Mario Pinto: 'Devolva-me o frango, por favor!'

Élcio Mário Pinto
Élcio Mário Pinto

Élcio Mario Pinto – ‘DEVOLVA-ME O FRANGO, POR FAVOR!’

 

Se pedir emprestado já é difícil, pedir para devolver o que foi dado é muito mais!

Pois, foi o que aconteceu no curioso fato que no começo era só alegria. Wanca, todo feliz, decidiu oferecer ao Lilo, quatro galináceos de bom tamanho. Eram de granja, é bem verdade, mas nada que não se pudesse apreciar, já que toda a criação na chácara, além da fina limpeza, acontecia em meio à fartura de alimentos oferecidos.

Com o sorriso de quem presenteia do que reservou com a mais pura das intenções, naquele domingo à tarde, Wanca, todo entusiasmado, disse:

– Lilão, já separei 4 para o arroz que você prometeu fazer.

O amigo, então, todo feliz e com a voz de locutor que era muito conhecida em toda a região, imediatamente, virou-se e em alto e bom som…

– Olha lá, olha lá, meus amigos! É um presente do Wanca para a festança em toda a terra querida. Das panelas com tampa, o arroz sairá amarelinho como ouro do Brasil. Viva o Wanca, viva o que ainda ninguém viu!

Todos aplaudiram o inspirado Lilo que queria confirmar o futuro evento no exato momento da promessa. Ele gostava de dizer que promessa feita, se não cumprida, devia ser cobrada.

Wanca sorriu e falou baixinho que o prometido seria realizado. Ele jamais faltaria com a palavra dada. Quanto à data, era só marcar.

Entre sorrisos, aplausos e comemorações, ficou acertado que no próximo domingo, na casa do Pedrão, todos deveriam chegar mais cedo porque os preparativos para o almoço envolveriam anfitriões e convidados.

A semana demorou a passar, principalmente para o Pedrão que estava sorrindo à toa por receber os parentes e amigos num almoço regado a frango de boa procedência com arroz de boa qualidade. O anfitrião, conhecido por bem receber suas visitas, era elogiado por todos!

Quando tudo parecia mais do que certo, com a alegria dos comensais que só falavam nisso a semana toda, eis que, na sexta-feira, já tarde da noite, depois das 22h00, Wanca telefona para Lilo:

– E aí, Lilão, como está hoje?

– Tudo bem por aqui, com facas e panelas prontas para os 3. Tudo certo aí?

– Mais ou menos.

– Como assim? Não me diga que você vai negar fogo agora?

– Não é da minha vontade, mas o que aconteceu também não.

– O que foi, diga logo!

– Invadiram a chácara, fizeram a maior sujeira, quebraram coisas, estragaram até a fechadura da porta e o pior…

– Nossa, Wanca, que tristeza! E o que aconteceu de pior?

– Levaram os 3!

– O quê?

– É o que digo. Levaram os 3!

– Pelo amor de Deus, que tragédia! Então, eles acabaram com o nosso almoço.

– Podemos dar um jeito.

– Comprar?

– Não, porque igual aos que eu tinha no congelador não vamos encontrar no mercado e nem no açougue.

– E agora?

– Vamos fazer com 1.

O silêncio pelo telefone não era sem motivo. Lilo sabia que a história toda estava “queimando” em suas mãos. Tudo porque, durante a semana, por causa do tamanho dos frangos, o Wanca pediu que o amigo levasse 1 para sua casa enquanto ficava com 3 na chácara. Era a lotação do congelador. Ora, os 3 da chácara foram surrupiados pelos invasores, então, só restava 1.

– Você quer dizer, fazer com aquele que está em casa?

– É!

– Mas, aquele você me deu, lembra-se?

– Eu me lembro, mas não tem outro jeito.

– Que miséria! – disse Lilo entristecido e cabisbaixo enquanto falava ao telefone.

– Então, parceiro, preciso dizer uma coisa.

– Diga, porque agora está tudo perdido mesmo!

– Será que você pode me devolver o frango, por favor!

Lilo ficou inconformado enquanto o Wanca, do outro lado da linha, não segurava suas melhores risadas!

 

ÉLCIO MÁRIO PINTO

28/11/2016

Helio Rubens
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