Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:
‘Desvelamento do ser’
O Ser é a ideia mais abstrata de todas, e a menos compreensiva, porque ela é obtida depois de abstrairmos de tudo o que há de individual, concreto e quantitativo na realidade, de modo a ficarmos apenas com a realidade enquanto realidade.
Muito genericamente, dir-se-ia que o Ser é tudo o que existe ou pode vir a existir, logo, opõe-se ao nada e o nada apenas pode ser concebido pelo Ser de que é negação. O pensamento é, assim, o primeiro grau da realidade, embora realidade subjetiva.
Na hierarquia do Ser distinguimos três graus: o Ser possível; o Ser existente e o Ser necessário – este existe por si, e cuja essência é a própria existência. O Ser só o é enquanto lhe reconhecemos os seus atributos, isto é, unidade, transcendência e analogia.
Mas o Ser em si, tal e qual como ele é, constitui, hoje, um tema apaixonante, misterioso, quem sabe se sagrado e eternamente insondável e indecifrável, apesar d’Ele se nos desvelar nos mais insignificantes atos da natureza: como as fases de desenvolvimento de uma planta em todo o seu ciclo vegetal; como na vida do homem a partir do memento da sua concepção num acto sexual de amor, ódio, sadismo, violação ou vingança, até à sua morte biológica.
Mas no Ser último que transcende as fases cíclicas da natureza, causa das causas, necessário e suficiente, infinito e invisível, neste Ser desconhecido pela ciência, é que interessa meditar e tentar conhecê-Lo melhor o que, naturalmente, só será possível para além do mundo terreno e concreto que nos cerca, logo, o homem não atinge o Ser pela via científica ou especulativa, mas tão só pela Fé, pela convicção profundamente religiosa.
Com efeito, verificamos, constantemente, o desvelamento do Ser em todas as coisas, inclusivamente neste ato de escrever. Ele revela-se em mim como fonte de inspiração, de meditação, de ação, de fé, todavia eu não O vejo, não O consigo imaginar consubstanciado numa qualquer forma material ou delimitado no espaço e, apesar de tudo, acredito no Ser que eu sou e no Ser que faz com que eu seja aquilo que julgo ser.
Perante a grandiosidade deste facto, eu não posso deixar de me considerar tão pequenino, tão insignificante, tão imperfeito, face à magnitude do Ser Supremo que me dá o Ser concreto e abstrato, material e espiritual. Esse Ser Supremo em que eu acredito, ao qual procuro obedecer, ainda que na prática do mal, esse Ser só poderá existir como cúpula de todos os seres e então, tenho de o reconhecer em Deus.
O homem de hoje, preocupa-se pouco com o Ser enquanto Ser Homem, à imagem e/ou semelhança do seu Criador e não se apercebe do valor ético-social que representa ser Homem, enquanto modelo do Ser Supremo, daí que a crise espiritual seja constante no seu Ser verdadeiro, porque o ser que julga ser, não é mais que um “ser máscara”, uma ilusão materializada num comportamento mesquinho, egoísta e desonesto. É este Ser que o homem do princípio do século XXI, do terceiro milénio, após o nascimento de Cristo, procura exibir em todos os momentos, espaços e situações que se lhe proporcionam.
O desvelamento do Ser Verdadeiro e Supremo apenas existe a partir d’Ele, porque só Ele é Ser Omnisciente, Omnipotente, Criador de todos os outros seres, e sacrificado pelo ideal de ser Homem à sua semelhança. O Ser a que me refiro concretiza-se em Jesus Cristo, verdadeiro Ser que se desvela em todos os mistérios, manifesta-se em todas as coisas e interioriza-se na minha consciência para me aconselhar, para me guiar, enfim, para me fazer mais Ser e n’Ele me desvelar também.
Venade/Caminha – Portugal, 2024
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
- Desvelamento do ser - 2 de dezembro de 2024
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Natural de Venade, uma freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política: Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017, ‘ZL – Editora’ – Rio de Janeiro – Brasil, com o Melhor Livro Educacional, ‘Universidade da Vida: Licenciatura para o Sucesso’; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa; ; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.