José Ngola Carlos:
‘Educação – Um exercício de exploração e manutenção de poder’
Nas comunidades tribais sem classes sociais, a educação era um exercício de poder do povo em favor do povo, uma vez que, tudo que se conseguia pelo esforço individual ou coletivo pertencia à comunidade inteira, o que inclui, a necessidade de ensinar tudo a todos.
Com o surgimento das classes sociais, as comunidades tribais desaparecem juntamente com todo o seu caraterístico arranjo social. As sociedades divididas em classes, baixa, média e alta, fundam-se no princípio da eliminação da propriedade comum e a instituição da propriedade privada e, com a propriedade privada, a luta pelo poder.
A classe social baixa é a classe explorada e que se compõe da maior parte dos membros de uma sociedade. Eles são os pobres, os não civilizados e marginalizados. A classe social média é a classe intermédia, ficando entre os pobres e os ricos. Estes não são pobres, porém, não são ricos também. Eles são os assimilados e que lambem as botas dos pertencentes à classe alta. A classe social alta é a classe que detém o poder e que, contudo, vive à custa dos pobres e dos assimilados.
Estes são os ricos, os que usam a educação para explorar e manter o poder.
Com o surgimento das classes sociais, a educação presenciou uma revirada no ideal didático-pedagógico até então conhecido das comunidades antigas sem classes sociais que eram: a integralidade, a homogeneidade, a espontaneidade e a não institucionalidade. Nas sociedades com classes, conforme Aníbal Ponce, em Educação e Luta de Classes, 1934, a educação passou a ser:
1. Institucional
2. Coerciva
3. Sistemática e
4. Diferenciada
Uma educação institucional é aquela administrada por meio de uma instituição. É dela que
começam a surgir as personalidades do sacerdote, do mago, do mestre e do professor como
pessoas a serviço da classe abastada para domesticar a classe explorada, tendo em vista a
manutenção do poder.
Com a educação coerciva, surge a educação obrigatória. Com este ideal, legitimam-se os açoites como recurso estimulador ou motivador da aprendizagem.
Contrário ao ensino espontâneo, as classes sociais permitiram o surgimento do ensino sistemático. A sistematicidade trouxe as doses no processo de ensino e aprendizagem, pelo que, já não se podia ensinar tudo a todos em um ambiente natural e prático. Uma educação diferenciada, conforme a sua gênese no surgimento das sociedades com classes, era justamente aquela que consistia em um pobre ser educado para servir e o rico, educado para mandar
Kamuenho Ngululia
Como citar este artigo:
Ngululia, K. (2024:4). Educação – Um Exercício de Exploração e Manutenção de Poder. Brasil: Jornal Cultural ROL
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30, natural de Luanda (Angola) e morando atualmente em Malanje (Angola), mais conhecido no meio literário como Kamuenho Ngululia, é Mestre em Educação na especialidade de Gestão de Centros Educacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Europeia do Atlântico, licenciado em Língua e Literaturas em Língua Inglesa pela Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto (FHUAN) e 2020 e professor de Língua Inglesa.
Verdade seja dita… tal evolução na educação é um fenómeno inevitável!
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