Uma entrevista com dois ícones da música sertaneja!

MA-Conte nos como a música surgiu na vida de vocês e em que ano.
João Batista: desde os meus primeiros anos (1964) meu pai e familiares já faziam suas reuniões com interpretações de música da época. Participavam de folias de Reis o que me inseriu na música de forma natural. Mas o que me fez querer tocar e cantar foi um momento numa ocasião em que eu estava trabalhando perto de onde estava acontecendo uma cantoria e quando desocupei de minhas atividades, me aproximei dos cantores e pedi para cantar uma música. Um deles me respondeu que aquela música eles já tinham cantado e não iriam repetir.
Assim eu tomei a decisão de comprar um violão e aprender a cantar e tocar com a promessa de que atenderia os pedidos mesmo que fossem repetidos e para nossa felicidade hoje podemos cantar músicas que fazem parte da nossa história, da nossa cultura e que agradam os amigos que nos dá o prazer de presenciar nossas apresentações.
Lúcio Borges: minha infância se inicia na fazenda, nos 1971, ao lado de meus avós e tios que sempre tiveram tino para música cantando, tocando violões e acordeom. Meu avô por parte de mãe brincava com a sanfona no entardecer no alpendre tendo no auditório os filhos e netos que um a um de um jeito diferente foi engajando nesse prazer que é ver o brilho nos olhos de quem canta e de quem ouve as canções.

MA- Conte-nos um pouco sobre a infância, adolescência e família de vocês.
João Batista: minha infância foi de muita luta e junto com minha mãe e irmão para sustentar a família, o que realizamos unidos e perseverantes com fé e dedicação de quem fazia o melhor de cada um para colher os melhores resultados de nosso trabalho. Hoje colhemos os frutos de nossa luta o que nos enche de orgulho e felicidade ver todos bem e encaminhados seja cantando, tocando, ensinando e ouvindo, todos têm alguma ligação com a música.
Lúcio Borges: o inicio de minha infância foi na fazenda do meu avô materno que como já disse, ele era sanfoneiro, contador de causos e muita luta para sustentar a família. Isso faz parte de nossa cultura. Reunir a família e falarmos de nossas alegrias e tristezas, além das labutas da vida.
Logo na idade de iniciar na escola mudamos para cidade e ali convivendo no meio religioso em que a família foi formada, logo aos 7 anos comecei a tocar violão nas novenas e reuniões familiares. Já aos 15 anos recebi meu primeiro convite para cantar numa banda de nossa cidade de Uberaba-MG (Rudi Banda Show) onde nos apresentávamos numa casa de noturna e também em shows regionais interpretando músicas de sucessos passados e atuais daquele momento (1986). Nos anos 90, dedicado ao trabalho e estudos, tocava e cantava na igreja e outros estilos em reuniões da família e amigos, quando em 1994 foi convidado a tocar contrabaixo numa banda de pagode. Isso foi ótimo, uma grande evolução musical. Mas sempre envolvido com o sertanejo foi convidado a tocar contrabaixo para uma dupla de amigos, João Batista e Paulo Cesar o que também foi um grande aprendizado e prazer, pois interpretavam músicas sertanejas que contam histórias.
Depois de 6 anos como contrabaixista dessa dupla eu foi me aventurar pelo mundo da sonorização de eventos. Outro aprendizado que agradeço a muito amigos que foram orientadores para o conhecimento naquela época.
Sempre participando de eventos de amigos cantores, fazia participações interpretando algumas músicas. E por fim foi convidado a formar dupla com o João Batista com muito prazer e com quem temos a parceria até hoje.
MA-A trajetória do trabalho de vocês é inspirada em algum cantor? Qual?
A música de uma forma geral nos ensina muito, mas sempre temos nossas preferencias.
Em todos os estilos existem exemplos que aprendemos um pouco, mas a história da boa música sertaneja se inicia em nossas vidas tendo como bons exemplos a dupla Tonico e Tinoco em sua lindas canções e interpretações, Milionário e José Rico com belas canções e vozes destacadas como algumas das melhores para nosso gosto entre tantos outros grandes nomes da música que são referência para nosso trabalho.
Muito obrigada!
Magna Aspásia Fontenelle
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Natural de Carolina (MA) e residente em Uberaba (MG), é professora, escritora e jornalista. Máster en Formación de Profesores de Español LE. Universidade de León-UNILEON-Espanhã; Dra em Filosofia Universica, consagrando-se por mérito em Philosophos Immortalem-Ph.I.; Dra. h.c. em Literatura pela FEBACLA. Organizadora de vários Congressos, seminário, mesas-redondas enfatizando a formação continuada de professores e literaturas, saraus, cantaraus, entrevistas dentre outros. Membro Fundadora Imortal e presidente da Academia de Letras do Brasil Seccional Uberaba-Minas Gerais (ALB). Membro Fundadora e presidente da Academia Alternativa Pegasiane Brasil/Albânia (AAP-Brasil). Colaboradora da Revista Aristos Internacional -Portugal-Espanha; Colunista do Jornal ROL; Delegada Cultural para o Triângulo Mineiro da FEBACLA). Membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira-FOCUS Brasil New York. Agraciada com várias honrarias, como: Medalha Mandacaru- Selo Enseada das Letras -Recife (PE); Guardiã Perpétua do Patrimônio Cultural do Triângulo Mineiro (FEBACLA-RJ). Troféu Carlos Drummond de Andrade-Itabira-(MG); Acadêmica Benemérita e efetiva da FEBACLA. Título de Cidadania Uberabense (MG); Grande Prêmio de Honra Gonçalves Dias e título de Condessa Fontenelle pela Casa Imperial dos Godos do Oriente, dentre outras.