Sergio Diniz da Costa
‘A disciplina que eu amaria lecionar’


às 20:24 PM
Durante um breve período de tempo tive a oportunidade de lecionar no Ensino Superior. Ministrei aulas de Direito do Trabalho, Linguagem Jurídica e Humanidades.
Apesar de as duas últimas disciplinas, em particular, proporcionarem um campo de interação muito profícuo com os alunos, em termos de reflexões éticas e filosóficas, porém, ainda se enquadram no sistema educacional tradicional, onde se deve ‘medir’ os conhecimentos auferidos pelo educandos. E, decorrente disso, se o aluno não alcança a nota mínima determinada, pura e simplesmente não passa de ano.
Na minha experiência em sala de aula procurei ao máximo mostrar aos alunos que a maior recompensa pelo estudo não é alcançar a nota máxima, mas sim o maior prazer pelo aprendizado em si. Pra mim, o aprendizado deve ser lúdico. E, acima de tudo, mágico!
E sob esta visão, a disciplina que eu amaria ministrar é uma disciplina que, infelizmente, ainda não existe em nenhuma grade escolar. E, por ainda não existir, eu a batizei de ‘Disciplina do Sentir’. E seria uma matéria preparatória para todas as outras. E de todas as áreas do conhecimento humano.
Nessa matéria não haveria qualquer forma de avaliação. E ninguém seria reprovado.
A ‘sala de aula’ seria num templo. O Templo da Natureza. E as aulas seriam, em alguns dias, pela manhã, e em outros, à noite. E, ouvindo músicas sublimes, todos passaríamos minutos eternos apreciando flores e árvores, nuvens e estrelas. Sentaríamos ou deitaríamos sobre a relva macia, fecharíamos os olhos e permitiríamos que nossas almas enxergassem e sentissem tudo com seus próprios sentidos. Sentissem o frescor e o aroma do vento ou mesmo da chuva; escutassem o farfalhar das árvores em seus misteriosos colóquios. E o canto dos pássaros, saudando a vida.
Dançaríamos, também. Dançaríamos a Dança da Alma Liberta, com seus graciosos volutear.
E ao passar dos dias e dos meses, chegando ao final do curso, acabaríamos por perceber que não haveria mais distinção entre mestre e alunos, mas tão somente um sentimento de união, quando então entenderíamos que o aprendizado é, acima de tudo, um maravilhoso processo de descobertas; de descobertas de si mesmo, dos outros, da vida.
E nesse momento mágico e transcendente, os futuros médicos ou juízes não se sentiriam deuses, acima dos homens, mas sentiriam Deus guiando suas mãos e decisões. Os futuros engenheiros não projetariam apenas pontes de concreto, mas, sobretudo, pontes de união. Os futuros políticos compreenderiam que governam ou legislam, como se agricultores fossem, semeando sementes de bem-estar comunitário. Os futuros advogados entenderiam que a maior soma de honorários a receber é a soma da paz social. E os futuros professores relembrariam que todas as demais profissões dependem de um professor.
A Disciplina do Sentir parece um sonho, um devaneio, uma utopia. E talvez o seja. O maior e o mais belo sonho que um sonhador pode sonhar. Permitam-me, porém, sonhá-lo! Mas, se puderem, sonhem comigo!
Sergio Diniz da Costa
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,

