dezembro 05, 2025
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Pfuka, Alcina!

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Renata Barcellos

Resenha “Reflexão acerca do documentário ‘𝐏𝐟𝐮𝐤𝐚, 𝐀𝐥𝐜𝐢𝐧𝐚!'”

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Documentário de curta-metragem 'Pfuka, Alcina!'
Documentário de curta-metragem ‘Pfuka, Alcina!’

Sinopse: PFUKA, ALCINA! é um documentário de curta-metragem que narra a história de uma jovem talentosa e estilista moçambicana, Alcina José Penicela Nhaume, alvejada por uma bala em um dos períodos de manifestações pós-eleitoral, em Moçambique. O curta-metragem retrata a luta de Alcina, desde o momento no qual foi ferida até sua recuperação do impacto emocional e físico da violência. Ao ser levada às pressas ao Hospital Geral de Maputo, a jovem passou por uma fase difícil: um mês sem conseguir se alimentar e falar. Foi submetida a uma cirurgia, mas ainda precisa se submeter a um novo procedimento para reconstrução do maxilar facial.

Através dos 17 minutos, além de apresentar a trajetória do sofrimento da protagonista, Beni propõe uma reflexão urgente: um alerta sobre direitos humanos (Declaração dos Direitod Humanos – adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas – resolução 217 A III, em 10 de dezembro 1948), intolerância política e a crise vivida pela população moçambicana após as eleições. Nesse curto tempo, o cineasta consegue abordar esses aspectos de forma dinâmica.

E, para isso,  diversos recursos foram utilizados: imagem da capa de jornal da notícia, trilhas sonora,  participação de uma docente universitária, os locais apresentados…. Isso tudo ao longo da narrativa composta pelo relato do episódio, depois da história de vida da estilista, na sequência, o depoimento de uma docente: Telma Mula e finaliza com uma mensagem de Morgado na saída de Alcina do hospital.      

Ao compartilhar esta fase de sua vida, torna-se porta-voz de milhares de pessoas que enfrenta (ra)m adversidades semelhantes. Vale ressaltar que o artigo 40 da Constituição da República de Moçambique (CRM) refere-se ao “Direito à vida”. E onde está o de vítimas como Alcinda? De acordo com o código Samurai, uma alma sem respeito é “uma morada em ruínas. Deve ser demolida para construir uma nova.” Fica como metáfora para reflexão de lugares em conflito (sobretudo os permanentes).

De acordo com Alcinda, “o ocorrido mostrou-me a dureza da vida, mas também a grandeza da fé. Ser atingida por uma bala perdida foi um choque que poderia ter me paralisado, mas escolhi transformar a dor em motivação. Cada cicatriz se tornou um lembrete de que viver é um ato de resistência e que os sonhos não devem ser abandonados, mesmo diante das maiores provações”.

Este documentário foi exibido para as turmas do Terceiro ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual José Leite Lopes (NAVE RJ), a fim de tratar o problema social do qual Alcinda é vítima, relacioná-lo com a realidade brasileira, pesquisar a legislação brasileira e verificar os recursos expressivos utilizados: como depoimento de uma docente, as músicas de protesto de DALYON THE VERSATIL… Cabe ressaltar que os alunos apreciaram e se identificaram com as trilhas sonoras.

Como proposta de atividade, em dupla, sugerimos que escrevessem um parágrafo argumentativo de convergências do ocorrido com a realidade brasileira. Urge refletirmos sobre os direitos humanos, a falta de controle da segurança pública… Segundo Morgado Mbalate, com o caso de Alcinda, “aprendi muito sobre superar adversidades com a Alcina e acredito que o documentário poderá impactar muita gente.

Com tristeza, recebemos a notícia da censura tanto em Moçambique como em Angola, numa altura em já tinha data para estreia em Moçambique. Infelizmente, o documentário é visto como um potencial ato de reabrir as feridas das manifestações pós-eleições em Moçambique, esqueceram-se que a Alcina é uma vítima e nunca apontou o dedo a ninguém”.

Quanto à legislação brasileira, a Constituição Federal de 1988 estabelece a segurança pública como um direito de todos e dever do Estado, garantindo a incolumidade das pessoas e do patrimônio. O artigo 144 da Constituição detalha os órgãos responsáveis pela segurança pública, como a polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares. Além disso, o artigo 5º da Constituição assegura a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança. 

Artigos e Leis relevantes:

  • Artigo 144 da Constituição Federal: define a segurança pública como um direito e dever de todos, e estabelece os órgãos responsáveis pela sua atuação. 
  • Artigo 5º da Constituição Federal: garante a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança. 
  • Lei nº 11.707/2008: altera a Lei nº 11.530/2007, que institui o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). 
  • Lei nº 13.675/2018: dispõe sobre a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, estabelecendo princípios, objetivos e diretrizes para a atuação dos órgãos de segurança. 
  • Decreto nº 10.777/2021 baseado na Lei nº 13.675/2018: dispõe sobre a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, estabelecendo ações de prevenção, preparação e resposta a desastres. 

Direitos do cidadão:

  • Direito à segurança: a Constituição assegura a proteção contra ameaças à vida, à liberdade e ao patrimônio. 
  • Direito à informação: os cidadãos têm o direito de serem informados sobre os riscos e ameaças à sua segurança, bem como sobre as ações do poder público. 
  • Direito à participação: os cidadãos têm o direito de participar da formulação e implementação de políticas de segurança pública. 
  • Direito à proteção contra a violência: a Constituição e as leis asseguram proteção contra abusos e violência praticados por agentes públicos. 
  • Direito à reparação: em caso de violação de seus direitos, o cidadão tem direito à reparação por parte do Estado. 

Responsabilidades do cidadão: colaborar com as autoridades na prevenção e repressão de crimes, denunciar qualquer situação que ameace a segurança pública, respeitar as leis e normas de segurança e promover a cultura de paz e respeito à vida. 

Alguns fragmentos das reflexões dos alunos:

 “Enquanto o Brasil lida mais com violência e crimes organizados, Moçambique enfrenta conflitos armados e instabilidade política. Ambos têm em comum altos índices de violência e forte impacto contra mulheres. Infelizmente, nos dois países, há presença de regiões perigosas e baixa sensação de segurança da população por negligência dos dirigentes”. 

“O caso de Alcinda é chocante e revoltante. Situações assim mostram como a violência e a negligência estatal deixam pessoas inocentes à mercê de perigo. Infelizmente,  o Brasil enfrenta problemas parecidos com violência urbana e ações policiais que, muitas vezes, prejudicam quem não tem culpa. É inaceitável que, em ambos os países, vidas sejam destruídas por descaso e impunidade. É urgente cobrar mudanças para proteger quem precisa”.

Produção: Beni Dya Mbaxi (pseudónimo literário de Bernardo Sebastião Afonso), nascido no Cazenga, Luanda, em Angola, aos 28 de Maio de 1997. Escritor, Project Manager, Colunista e Cineasta. Concluiu o ensino médio na escola Óscar Ribas, no curso de Ciências Económicas e Jurídicas, em 2014, Bacharel no Curso de Língua Portuguesa e Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Metodista de Angola.

Autor de vários livros (A ÚLTIMA MASOXI, A MENINA DA BURCA…), publicados em Angola, Inglaterra e no Brasil, detentor de alguns reconhecimentos literários, em Angola, África do Sul e no Botswana. Estreou no mundo cinematográfico no Festival Internacional Lusofest, na Alemanha, com o documentário de curta-metragem intitulado Precisamos De Ouvir Todos – disponível em: Link: https://youtu.be/2y0-gmxMKO0?si=kLeSohpR-YUqJFVt).

Assistente de Produção: Morgado Mbalate (É um premiado escritor moçambicano, activista social e cultural e poeta. Um dos maiores expoentes da Literatura jovem Africana e moçambicana de expressão portuguesa. É membro da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), graduado em Filosofia pela Universidade São Tomás de Moçambique (USTM, 2018). Especialista em Comunicação e Marketing, em Relações Públicas e Linguística.

É autor dos livros: Odisseia da Alma (Edições Esgotadas, 2016), A Arte Suave da Palavra (Chiado Books, 2020), Co-autor do CD de Literatura Negra O que nos a Bala (Comunidade do Tambor, 2018). De entre Prémios e Distinções: destaque para o Prémio Bicentenário de Dostoiévski (2021), menção honrosa no Premio Mondiale di Poesia Nosside (2014), menção honrosa no Prémio Fernanda de Castro do IV Concurso Internacional de Poesia e Prosa (2017). Colabora com diversas revistas a nível nacional e internacional). 

Narração: Eva Samper

Instagram: alcina_nhaume

Protagonista: Alcina (estilista, estudante de Design de Moda e jovem empresária, com uma trajetória marcada pela criatividade, resiliência e fé). 

Link para assistir: https://youtu.be/qA_o1U667Bc?si=BdPQY8Mh0bVbMtg1

Mensagem de Alcina aos jovens:

“Jovens, nunca desistam dos vossos sonhos, por maiores que sejam os obstáculos. A vida pode nos surpreender com desafios inesperados, mas a forma como escolhemos enfrentá-los é que define quem somos. Tenham coragem, persistam, cuidem da vossa paz e lembrem-se: cada um de vocês tem um propósito único, capaz de transformar o mundo ao redor”.


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