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Pedro Novaes: 'Quase idoso'

Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘QUASE IDOSO’

 

 

O primeiro sinal de que já não somos jovens surge quando começamos a ouvir a referência “tio”.

Logos após, mudam os presentes, que passam a ser chinelos, cuecas “samba-canção”, livros e roupas de cores sóbrias. Sempre há algum engraçadinho presenteando com CDs de Cascatinha & Inhana ou Emilinha Borba.

O alerta da idade surge também quando de uma queda. A recuperação é mais lenta, e custa crer que caímos, ao fazer aquele movimento que já fizemos centenas de vezes, sem nenhum acidente.

Começamos a evitar esforços físicos repentinos, e entramos para o grupo de adeptos do ditado “Devagar se vai longe”.  Perdemos, aos poucos, os rompantes de indignação, e começamos a deixar de tentar convencer as pessoas de que estão enganadas.

Nem jovens nem idosos, vamos perdendo a predileção por festas e comemorações, e diminuem os encontros com amigos. Alguns, nesta fase, partem para aventuras amorosas extraconjugais, ou entregam-se ao alcoolismo. Outros, viram motoqueiros ou ciclistas.

É na quase senilidade que surgem, na maioria, os desapegos com a própria imagem, e qualquer Kombi 1970 tem o mesmo mérito de um Golf 2017: saem daqui e chegam lá.  Se a roupa não combina ou a meia é furada, pouco importa.

Quase todos ainda sentem, calados, a expectativa de um golpe de sorte ou grande invenção, que permita a realização de velhos sonhos. Conheço alguns que ainda tentam inventar o moto contínuo ou transformar ferro em ouro.

Muitos possuem prazeres mórbidos, como rever, envelhecida e feia, aquela linda moça que prestou solene e doída desconsideração, nos áureos tempos. É desumano, mas existe um sentimento íntimo de vingança, quando do reencontro com antigos desafetos, em mau estado.

Na quase senilidade, surge vigoroso o sentimento de amparar, cada vez mais, os filhos.  A busca pelo sucesso pessoal vai dando lugar à busca do sucesso dos filhos, condição que segue vida afora.

Muitos tardam a entender que caminham, a passos largos, à condição de idosos, só assimilada quando corpo e mente começam a dar sinais de fragilidade e tendência à introspecção. É na terceira idade que a nova condição acaba assimilada, e a vida adquire novo brilho, com novos desafios e realizações.

Não há como postergar o correr do tempo, sendo inútil ignorá-lo. O melhor é ceder às limitações que vão surgindo, sem agir como se todo idoso fosse sábio e injustiçado.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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