JORGE FACURY: O CANTO DA MISERICÓRDIA
Eis uma história real: um homem que tinha bons conhecimentos de trabalho no campo foi convidado a cuidar de uma propriedade em Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo.
Lá, conheceu muitas pessoas e junto da mulher habitou uma casinha. Sua nova função era ser o caseiro de uma chácara. Com o tempo, ele, que gostava de animais, juntou uns gatinhos. Um deles chamava-se Jorge. Também uns cachorrinhos.
Infelizmente, trazia consigo o vício da pinga. Não tinha forças para sair dessa por efeito de sofridas memórias de infância (o pai o amarrava com correntes)…
Um dia, comprou um galo caipira na feira e resolveu fazer um ensopado do bicho. Botou água pra ferver e enquanto isso, uma foto de calendário na parede roubou-lhe a atenção por alguns instantes. Ficou admirando a imagem de sua terra-natal, São Lourenço, Sul de Minas Gerais, cidade de muitas fontes de águas curativas. Por falar em águas, enquanto a água fervia, o galo pôs-se a cantar… E o fez tão bonito que o mineiro considerou uma pena sacrificar aquele bicho tão bom de canto.
Pensou um pouco. Mais um pouco… Desligou o fogo, pensando com seus botões: “Coitado, não vou mais matar ele; que morra de velho…” E assim foi.
O galo ficou.
Um dia o homem arrumou as malas para mudar-se para perto da família, em Angatuba. O galo foi junto, salvo e garantido.
Se o penoso soubesse que seu cantar tocou um coração e o poupou de triste destino!
O canto salvífico, destinado pela própria natureza…
Jorge Facury
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.