Élcio Mário Pinto: ‘Sonho e inveja’
Como vocês sabem, depois que aprendi a língua dos insetos, passei a ouvir muitas coisas. Delas, uma me impressionou:
– Os humanos têm muita inveja de nós. – comentou uma joaninha.
– Nunca pensei assim – respondi. Sempre achei que fosse um sonho de toda a Humanidade voar como os insetos.
– Que sonho, que nada! – disse-me a joaninha.
– Então, existe diferença entre sonho e inveja?
– Mas, é claro! Um sonho é um desejo, uma vontade pura, um sentimento sem maldade. Agora, a inveja, é querer que o outro não tenha aquilo que tem. E mais, é querer aquilo que o outro é. A inveja é uma doença que toma conta do invejoso e ele passa a querer o que o outro tem ou o que o outro é.
– Então, como é que você me explica sobre o sonho e a inveja dos humanos em relação aos insetos que voam?
– Direi a você. Ouça com atenção: se os humanos tivessem o sonho de voar como nós, os insetos, eles seriam nossos admiradores e diriam que deve ser muito bom poder deslizar pelo vento, olhar o chão lá do céu e respirar o ar puro se movimentando, sem barreiras, sem obstáculos e com leveza, completa leveza em todos os movimentos feitos.
– Que bonito o que você está me dizendo! E a inveja?
– Com a inveja os humanos querem nossas asas, nos perseguem e nos eliminam, só porque sentem que somos seus concorrentes. A inveja é tão ruim e faz tão mal que o invejoso é capaz de eliminar o outro, se não consegue ter ou ser aquilo pelo que sente inveja. Se no sonho somos admirados, na inveja somos perseguidos.
– Nossa, que situação!
– Nós, os perseguidos, podemos falar do que passamos por causa da inveja.
– E, se vocês pudessem dizer alguma coisa aos humanos, o que diriam?
– Numa só voz, diríamos: VIVAM E DEIXEM-NOS VIVER!
ÉLCIO MÁRIO PINTO
15/04/2017
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024