Adriana Rocha: ‘Diálogo ou monólogo?’
DIÁLOGO OU MONÓLOGO?
A convivência humana pacífica parece impossível quando observada sob a ótica das análises históricas de guerra, extermínios e segregação. Mas será que realmente o é?
Não sou ingênua e nem desinformada, mas também não “engulo” tudo o que me é oferecido, não recebo nenhuma notícia ou informação como verdade absoluta e considero que todos os atos e fatos devem, obrigatoriamente, passar pelo crivo do contexto.
A importância de analisar informações recebidas está na base da construção de uma nova forma de convivência, pautada no questionamento e no diálogo.
Quando menciono diálogo estou considerando uma comunicação de via dupla, que pressupõe escuta ativa, ou seja, ouvir verdadeiramente, mas a partir do outro e não de mim. Falo e permito que o outro fale, não para rebater suas palavras e argumentos, não para vencê-lo, mas para entender seu ponto de vista, que parte de ponto distinto do meu, mas que é tão válido quanto aquele que tenho e apresento.
Todos têm suas próprias razões! Tal conclusão não inviabiliza a comunicação, mas exige uma nova forma de se posicionar e de se manifestar: a reciprocidade.
Diálogo é troca de ideias, de fazer circular significados e sentidos. Resulta da fusão das palavras gregas dia e logos (palavra, ou ideia).
É diferente de monólogo: longa fala ou discurso pronunciado por uma única pessoa. O nome é composto pelos radicais gregos monos (um) e logos.
A diferença é notória: no diálogo a comunicação busca o entendimento, o conhecimento da visão diferenciada e diferente do outro, no monólogo, somente a manifestação do “um” interessa.
Aprendemos, ao longo da vida, que é muito importante conversar, mas não nos ensinaram que a conversa é sinônimo de diálogo, de interessar-se, genuinamente, pela fala do outro e não tagarelar, de impor àquele nossa visão de mundo, de mostrar-lhe o quanto nossas escolhas, nossas vidas e nossas ideias são imprescindíveis (até porque não o são e mesmo que o fossem, quem pode garantir que as do outro também não o sejam?).
Interessante que quanto mais próximos estamos de alguém, menos dialogamos: reproduzimos nossas frases de efeito (que beleza!), não perdemos a chance de impor nossos conceitos sutilmente (ou de forma escancarada), e sequer questionamos a “zona de conforto” do falar repetitivo.
Importante esclarecer que não basta o silêncio enquanto o outro fala. Torna-se necessário abrir-se à sua linguagem, às suas colocações e olhar-lhe nos olhos (ainda que virtuais), para captar a essência de sua manifestação. Pode ser um pedido de desculpas, de perdão, de socorro ou um simples ‘olá!’, importa é permitir a via dupla do diálogo e não a mão única do monólogo. Cuidado com o andar na contramão! Vamos Conversar!
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024