Maria Helena Toledo Silveira Melo: ‘Carta de um Soldado Constitucionalista à sua mãe’
Tenente Mário Dallari. |
O Tenente Mário Dallari, no dia em que partiu para o front, enviou à sua mãe e aos seus familiares, que estavam em Serra Negra, uma carta, que a família guardou com o maior carinho.
A sua leitura é indispensável, para que possamos ouvi-las e tomá-las como exemplo das grandezas dos ideais do grande herói constitucionalista.
É este o texto da carta de despedida do jovem tenente:
“Bendita e adorada mãe, querido pai, inesquecíveis irmãos, sobrinhos e cunhados:
A Deus peço ter-vos sob a sua bendita guarda. Talvez, antes do meu coração, ao chegar estas linhas em vossas mãos, já o meu corpo se corrompa na podridão esfalecedora dos vermes asquerosos, ou talvez ainda eu esteja me batendo pela causa sacrossanta de São Paulo e no nosso amado Brasil.
Se vos endereço esta carta, no dia de minha partida para o front, é para pedir-vos perdão pelos desgostos que vos tenho dado e dizer-vos que, se parti para a frente de batalha, não foi por falta de conselhos dos meus queridos amigos Aurélio Leme de Abreu, Dr. Nelson, Roque, dona Ainda e meu tio Ferrúcio, que me pediram muita prudência para tomar essa decisão.
Parti porque assim me ordenava o coração e assim exigem os meus brios de paulista e de brasileiro. Levo sobre o meu coração a medalha que minha abençoada mãe me deu, quando deixei minha casa para servir o Exército.
Se, por ventura, uma bala me ferir e eu tenha tempo, beijarei a imagem do Sagrado Coração de Jesus, da medalha, e pedirei perdão a meu pai, e o Sagrado Coração de Maria Santíssima, como sendo minha mãe.
Não culpem ninguém por este meu ato. Se eu morrer, sentir-me-ei honrado, morrendo por São Paulo e pelo Brasil.
Lembranças minhas aos padrinhos Filipe e Maria José e aceitem um forte abraço do filho que vos pede a bênção, do irmão, tio e cunhado, Mário.
Viva São Paulo. Viva o Brasil. Viva a Democracia.
São Paulo, 13 de julho de 1932”.
O bravo serrano Mário Dallari, que, pela sua coragem e espírito guerreiro, foi logo promovido ao posto de 2.º tenente, morreu no dia 10 de setembro, quando, comandando um pelotão, tentava a travessia do Rio da Almas, na região de Itapetininga.
O povo de Serra Negra, homenageando o seu herói, providenciou o traslado do seu corpo para esta cidade e ofereceu-lhe um artístico túmulo, no cemitério local.
Bem mais tarde, os restos mortais do herói foram removidos para o Mausoléu do Soldado Constitucionalista, sob o grande obelisco do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, onde repousa ao lado dos companheiros que doaram suas vidas pelos mais nobres ideais de amor à Liberdade, defesa da Constituição e do Estado de Direito.
Repitamos, pois, as derradeiras palavras do Tenente Mário Hilário Dallari aos seus familiares:
— Viva São Paulo!
— Viva o Brasil!
— Viva a Democracia!
Para Sempre
Carlos Drummond de Andrade
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
Mãe a procura do filho entre prisioneiros de guerra que retornam. |
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
O Núcleo de Correspondência “Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna, deseja um Feliz Dia Das Mães!!!!!
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.