HOMENAGEM PELO ‘DIA DOS PAIS’:
Sônyah Moreira: ‘Pai por escolha ou destino!’
Nasceu pra mortadela…!
Caro leitor, esta frase que ouvi a exaustão na minha infância, era dita por uma figura impar, o Sr. Oswaldo, que saudades!
Ele, um descendente de portugueses com espanhóis, pavio curto, explodia com um simples faiscar.
Em sua sabedoria prosaica, tirava de seu baú, algumas pérolas, que volta e meia, me lembro com uma enorme nostalgia.
A frase completa era: “Nasceu pra mortadela, jamais chegará a salaminho!”, eu explico. Vejam! Naqueles tempos, a mortadela era considerada comida de pobre, digamos, das classes menos favorecidas. O salaminho era coisa requintada, e se olhar bem, tem-se impressão que a carne é mais nobre mesmo, continua a ser um embutido,porém, metido a besta!
Sr. Oswaldo, um pandego de marca, adorava dizer que quem nasce pobre, independente do que conseguir amealhar ao longo da vida seja em conforto, ou aumento de renda, jamais mudará, ou ficará requintado.
Filosofava em sua simplicidade, que não é apenas o dinheiro, que fará de uma pessoa, um salaminho! A mortadela da questão ao qual ele se referia, são aquelas pessoas afetadas, lambe botas, das quais possui pouquíssimo talento, mas, para se sobressair precisam virar o tal de puxa saco!
Hoje, passados muitos anos, eu observo alguns acontecimentos ao meu redor, e tenho que lhe dar razão, sem dúvida, ele estava certo!
Há pessoas que saíram da pobreza, porém, a pobreza não saiu deles, continuam a pensar pequeno, sem classe, agem com mesquinhez.
O ser humano de uma maneira geral, deve tentar se transformar em seres melhores, não apenas em engordar a carteira, precisam crescer intelectualmente e evoluir.
Abrir a mente, para olhar o horizonte e ver que o mundo é redondo, e que, não é difícil voltar ao ponto de partida, apenas com uma simples guinada do destino.
É preciso tentar chegar a salaminho, como dizia o Sr. Oswaldo, e melhorar a linhagem, independente da riqueza que conseguir juntar ao longo da vida.
Quando me refiro a se requintar, não é ficar soberbo, arrogante, nada disso! É simplesmente, buscar ter classe e majestade nas atitudes, é procurar conviver com pessoas de bem e ter sabedoria em separar o joio do trigo, é buscar a educação do berço, pois, independente de dinheiro, bons modos, ética e honestidade, são a maior herança que podemos deixar para nossos filhos.
A pobreza está em querer se achar melhor que os outros, olhar, para o próximo por cima, com ar de superioridade, essa sim, é a definição da frase, nasceu pra ser mortadela, jamais chegará a salaminho!
Os pobres de espírito são aqueles seres, que não são milionários, às vezes por descuido do destino ou sorte na vida, possam ocupar um cargo melhor em uma empresa, por exemplo. Quem realmente chega á um status por merecimento, não necessita mostrar superioridade, muito pelo contrário, são extremamente humildes.
O mortadela! Precisa demonstrar poder, são pessoas que pensam estar acima do bem e do mal, usam de seu cargo para humilhar e destratar os outros, ou obter vantagens, normalmente não seguem a máxima, que exemplos vêem de cima. E o ditado,”Faça o que mando não o que faço”
Caro leitor, no decorrer de nossas vidas, o certo é buscar conviver e valorizar pessoas de boa índole, pessoas de caráter, independente de suas posses, isso nos fará chegar a salaminho.
Não deixemos que a pobreza de espírito, grude em nossas almas como uma ferrugem á comer o ferro.
Bons tempos aqueles! Quando a mortadela era considerada alimento das castas menos abastadas.
Hoje, até a mortadela está metida, virou moda, artigo de luxo, e acredito que já ultrapassou o status de salaminho!
Uma singela homenagem talvez tardia, para um pai de coração Sr. Oswaldo, onde estiver, ria muito de sua maneira simples de nos mostrar o óbvio!
Uma homenagem para todos os pais, biológicos ou de coração, assim como o meu!
Feliz dia dos Pais!
Sônyah Moreira sonyah.moreira@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024