Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘UMA FALA ÓBVIA’
As palavras de um General, aventando a possibilidade de uma intervenção militar, tumultuaram as redes sociais e o ambiente político.
São milhões os brasileiros que clamam por uma intervenção, cansados da crise ética, econômica e social que atravessamos, e já sem esperanças de que o mundo político, contaminado, consiga encontrar soluções de curto e médio prazos.
É grave a situação nacional, e ouvimos, diariamente, notícias de escândalos envolvendo altas figuras da república, alternando Executivo e Legislativo, e contando também, aqui e acolá com membros do Judiciário.
Os escandalosos persistem poderosos, e usam tal poder para tentar impedir que a Lava Jato continue desvendando ilícitos e proporcionando oportunidades de punição. Tentam, sempre, a edição de leis que atenuem investigações e punições, e não perdem uma única chance de atrapalhar o bom funcionamento das instituições.
A Justiça, morosa, não consegue afastar do poder corruptos, na rapidez desejada, enquanto expedientes protelatórios seguem sendo interpostos. Na cena, surgem juízes da primeira instância já saudados como heróis, pela celeridade processual e objetividade de sentenças.
A delação premiada, de abrangência e praticidade tardiamente percebida pelos vendilhões da pátria, segue instrumentando investigadores e acusadores. A iminência de um longo período recluso, a absoluta incapacidade de socorro pelos amigos ladrões, ainda soltos, e a insistência da família, são fortes indutores da delação.
Existe, sempre, o risco de tentativas de sabotar o instituto da delação, por modificações em textos legais ou na exploração espetaculosa de um ou outro caso isolado que possa desacreditá-lo.
Desemprego, crescente insegurança, falência dos sistemas de saúde e educação e até o não pagamento de salários são algumas das consequências que a rapinagem dos recursos públicos acarreta à população.
No contexto, a intervenção militar surge como solução emergente, rápida e moralizadora, aos olhos da população. Todos sonhamos com um herói justiceiro, montado em cavalo branco, esgrimindo justiça e açoitando a desonestidade e falta de compostura.
O General, disse que, se a situação for agravada, e as instituições sucumbirem, o caos somente poderá ser solucionado por uma intervenção militar. Foi dito o que, em coletivo e ruidoso coro, entoamos.
Confessou, o General, a dificuldade de tal ação, extremamente complexa e geradora de consequências as mais diversas, sempre acautelando a preservação da hierarquia militar, na eventual tomada de tal decisão.
O General, neto, filho, pai e marido, não foi insubordinado, e apenas respondeu, com sinceridade, uma pergunta feita em ambiente amistoso. Não incentivou qualquer desrespeito à hierarquia, nem conclamou seus pares a um eventual levante.
Desconheço os meandros normativos da carreira militar, mas não tenho qualquer reparo ou condenação à fala que tanta celeuma provocou.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.