Pedro Israel Novaes de Almeida – RECICLADOS
A humanidade, desde as cavernas, vem produzindo lixos.
Os restos e descartes, inicialmente, eram poucos, e simplesmente jogados, de preferência longe do entorno de quem os produziu. Com o tempo, alguns restos orgânicos passaram a ser queimados, como medida sanitária para evitar a disseminação de doenças e mau cheiro.
Rios e mares sempre foram, e ainda são, os destinos preferenciais do lixo. Além da poluição das águas, causa enchentes e compromete a vida marinha.
Com o tempo, as montanhas de lixo ficaram frequentes, e começaram a ser valorizadas as atividades de reutilização, reciclagem e diminuição do volume descartado. O fogo foi a universal e primeira medida para diminuir o volume, prática ainda muito utilizada, com agora com viés de clandestinidade.
No Brasil, país de baixíssima reciclagem, os tristemente famosos lixões reúnem multidões de vasculhadores, que vivem e trabalham em condições desumanas e insalubres. Conseguem, no máximo, a precária sobrevivência.
Nas cidades, poucos separam o lixo, providência que facilita a coleta seletiva. Latas de alumínio são descartadas junto a restos de feijão, carne e óleo comestível.
Muitos ocultam cacos de vidro em meio ao lixo orgânico, causando acidentes que vitimam lixeiros e frequentadores de lixões. Na maioria das cidades, catadores de reciclados operam na informalidade, tentando ultrapassar a crônica e useira falta de equipamentos de proteção, barracão, balança, compactador e veículo de carga.
Informais, os catadores guerreiam por percursos mais rentáveis, e alguns amealham recicláveis, lançando em ruas e calçadas o material que não lhes interessa. É uma verdadeira guerra fratricida.
O preço dos reciclados é baixo, despontando como valiosos as latas de refrigerantes e garrafas pet. Em geral, um quilo do lixo reciclável comum vale vinte e cinco centavos de Real.
A rigor, todo material é reciclável, bastando que se alie, à técnica, economicidade. Os patinhos feios do setor são o lixo hospitalar e isopores.
A questão do lixo, no Brasil, tem sido negligenciada, e muitas prefeituras ainda consideram favores os poucos incentivos e amparos que destinam aos coletores de recicláveis. Os próprios lixeiros, agora garis, ainda operam em más condições, sanitárias e salariais.
O lixo representado por embalagens de agrotóxicos e restos eletrônicos já foi objeto de providências, pelo legislador. A tendência aponta para a responsabilidade solidária de fabricantes e comerciantes, pelo material que disseminam.
São raras as campanhas de esclarecimento, a respeito do descarte de materiais tóxicos e medicamentos, potencialmente letais. As embalagens, mais valorizadas e volumosas que os produtos que contêm, devem ser aperfeiçoadas à condição de mínimo indispensável.
A comunicação eletrônica reduziu drasticamente a utilização do papel, economizando árvores. Ainda bem que corruptos não emitem recibos e tratam verbalmente suas safadezas.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.