O Partido dos Trabalhadores está morto.
Abdicou da defesa dos explorados, deixando-os entregues à sanha dos exploradores.
Desistiu de lutar contra o neoliberalismo, agora o pratica.
Não reage com indignação aos pacotes econômicos impostos pelo grande capital, assume-os e garante sua aprovação no Congresso.
Suas vitórias eleitorais não fazem 800 mil empresários quererem deixar o País, dá-lhes a certeza de que seus interesses serão priorizados.
Não exulta com a chegada do 1º de maio, preocupa-se em como evitar panelaços.
Perdeu o monopólio das ruas, agora toma sacodes de 7×1.
De cartão de visitas da esquerda passou a mais forte argumento contra ela.
Não tem a elite como principal inimiga, mas sim a classe média.
Não promete mais restaurar a moralidade, cria condições para que todos os fisiológicos e venais da política se locupletem.
Não combate os Malufs, Sarneys, Collors e Calheiros, pactua com eles.
Está surdo ao clamor pela punição dos verdugos da ditadura militar, quer ver a página virada.
Não lamenta a infinidade de manifestantes de rua barbarizados pela polícia, solidariza-se a um ou outro oficial que leva a pior.
Deixou de ser a semente do futuro, simboliza o eterno retorno do passado.
Já não representa, orgulhosamente, os trabalhadores, mas sim, veladamente, o patronato.
Do blogue Náufrago da utopia
Brasil, 1965. A repressão que se abatera sobre sindicatos, partidos políticos e entidades estudantis não foi estendida às artes, cuja importância como fator subversivo até então vinha sendo quase nenhuma.
O teatro de denúncia, os Centros Populares de Cultura da UNE, o cinema novo, tudo isso repercutira tão pouco que os militares se permitiram adotar, com relação à cultura, uma postura de déspotas esclarecidos…
Como consequência, os palcos e telas começaram a ser catalizadores do repúdio ao regime e das esperanças de uma reviravolta popular, no lugar dos canais de comunicação que permaneciam bloqueados… CONTINUA AQUI.
Vandré se destaca também, à época, pela extraordinária trilha musical do filme A Hora e Vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, na qual pontificam “Réquiem para Matraga”, “Modinha” (“Rosa, Hortência e Margarida”) e a vigorosa “Cantiga Brava”.
E confirma a boa fase com “Disparada”, dele e Théo de Barros, uma das vencedoras do 2º Festival da Música Popular Brasileira que a TV Record promoveu em setembro/outubro de 1966.
Épico sertanejo, “Disparada” coroa as pesquisas de Vandré no sentido de definir um idioma musical comum ao Centro-Nordeste e às pessoas egressas dessas regiões que se estabeleceram no chamado Sul Maravilha, mas ainda traziam as marcas do êxodo rural… CONTINUA AQUI.
O sucesso de O Fino fez brotarem os concorrentes, paradoxalmente quase todos também da TV Record; a exceção ficou por conta de Ensaio Geral, da TV Excelsior, com Gil, Bethânia, Marília Medalha e outros, que durou uns quatro meses, no início de 1967.
A emissora do Aeroporto, mais ambiciosa, diversificou sua linha de produtos a ponto de, praticamente, apresentar um show a cada dia da semana:
- Bossaudade, que reunia a velha guarda, sob o comando de Elizeth Cardoso;
- Elza Soares e Germano Mathias (samba do morro e do asfalto);
- Pra ver a banda passar, com Chico Buarque e Nara Leão;
- Show em Si-monal (com os expoentes da chamada pilantragem; e
- Disparada, com Geraldo Vandré.
O resultado foi o enfraquecimento de O Fino, privado de várias atrações, sem que os outros programas decolassem… CONTINUA AQUI.
Erro de cálculo: eles já haviam cumprido sua função, de renovação estética e revelação de uma geração de artistas que dominaria a cena brasileira, pelo menos, durante a década seguinte inteira.
E a política, que até então se expressara por meio da música e ajudara a alimentar o interesse por esses eventos, agora se jogava definitivamente nas fábricas, escolas e ruas.
Inventaram festivais de todo tipo: de Música Carnavalesca, dos Presidiários, do Violão.
O mais duradouro dessa safra tardia foi o Universitário da Canção, promovido pela TV Tupi, que se aguentou até 1971… CONTINUA AQUI.
No 7º FIC (1972), o amargo fim: muitos artistas e pouco talento no palco. |
No 4º Festival da Música Popular Brasileira, que a Record realizou em outubro/novembro de 1968, a censura já dava as cartas, toda poderosa. Tom Zé, p. ex., teve de trocar “o empregador que condena/ um atentado por quinzena” (referência às ações armadas) por “o pregador que condena/ um festival por quinzena”!!!
Como novidade, houve duas relações de premiados.
O júri especial (críticos e artistas ilustres) escolheu “São, São Paulo, meu amor”, de Tom Zé, seguida de “Memórias de Marta Saré” (Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri), “Divino Maravilhoso” (os autores Caetano e Gil, até em razão da má experiência com o FIC, cederam a música e o palco para a tímida Maria das Graças se metamorfosear na agressiva Gal, sob óbvia influência de Janis Joplin), “2001” (Tom Zé/Rita Lee) e “Dia da Graça” (Sérgio Ricardo)… CONTINUA AQUI.
OUTROS TEXTOS RECENTES DO BLOGUE NÁUFRAGO DA UTOPIA (clique p/ abrir):
BLOGUEIROS AMESTRADOS DEFENDEM O QUE HÁ DE PIOR: DESDE OS DONOS DE EMPREITEIRAS ATÉ O TOFFOLI!!!
O VÍDEO MAIS PORNOGRÁFICO QUE PODE SER VISTO NA INTERNET…
ELEGEMOS A DRA. JECKYLL, UMA REFORMISTA. QUEM NOS GOVERNA É A SRA. HYDE, UMA NEOLIBERAL.
CHILE, 1907: MILHARES DE TRABALHADORES FORAM ABATIDOS COMO MOSCAS!
“AJUSTAR PARA AVANÇAR”. RUMO AO ABISMO?
PRIORIDADE À EDUCAÇÃO NO PARANÁ DE BETO RICHA: OS PROFESSORES SÃO OS PRIMEIROS QUE APANHAM.
AINDA SOBRE A RENÚNCIA DE DILMA
EXORTO DILMA A UM GESTO DE GRANDEZA: A RENÚNCIA.
RODRIGO GULARTE, 42 ANOS, ASSASSINADO POR UM GOVERNO BESTIAL, UM GOVERNO DE MERDA!
- Como o jornalista Helio Rubens vê as coisas - 9 de janeiro de 2024
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 27 de dezembro de 2023
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 22 de dezembro de 2023
É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.