Um dos mais requisitados tocadores de berimbau de toda a Bahia, Mestre Gato Preto é uma das figuras mais queridas no universo da Capoeira, graças à grandeza de seu caráter
Matérias já publicadas sobre a série ‘As várias faces da Capoeira’:
(http://www.jornalrol.com.br/luta-danca-ginga-toque-e-floreios-as-varias-faces-da-capoeira-1a-parte-origem-da-capoeira/)
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(http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-3a-parte-os-grandes-mestres-da-capoeira-mestre-besouro-manganga/)
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(http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-3a-parte-os-grandes-mestres-da-capoeira-mestre-bimba/)
José Gabriel Góes nasceu em Santo Amaro da Purificação, a 19 de março de 1929. Começou na Capoeira aos oito anos de idade, e nunca se formou em Capoeira, por convicção. “A capoeira nunca para”, diz ele. Sempre foi um excelente capoeira, dono de agilidade incomum. Conviveu com grandes expoentes da Capoeira. Desde 1966, quando integrou a delegação brasileira no Premier Festival International des Arts Nègres, em Dakar (Senegal), tornou-se um embaixador itinerante da Capoeira, tendo visitado muitos países e transmitido seus conhecimentos. Foi consagrado em algumas obras de Jorge Amado. Um dos mais requisitados tocadores de berimbau de toda a Bahia, Mestre Gato Preto é uma das figuras mais queridas no universo da Capoeira, graças à grandeza de seu caráter. ”
Parece um gato!
“Esse menino de D. Luiza parece um gato! Vai acabar na capoeira também.” Foi de tanto achar ele parecido com gato que acabou sendo chamado de ‘Mestre Gato’.
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Como e quando foi seu encontro com a capoeira?
Comecei, aos oito anos, com meu pai, Eutíquio Lúcio Góes. Ele foi meu mestre. Aos doze anos de idade (1941), achavam que eu já não tinha mais nada para aprender. Os treinos eram num quartinho fechado. Ele atacava com uma esgrima (bastão de maculelê) ou facão, para eu me defender. Quando eu errava, ele acertava minha munheca (pulso). Até um dia que dei uma cabeçada forte e ele caiu. Quando se levantou, saiu correndo atrás de mim, ameaçando me cortar, e gritando: “Vem cá, moleque”! Aí parou de me ensinar.
Qual era o perfil do capoeirista naquele tempo?
O capoeirista era um trabalhador: um condutor, que tirava a cana; um estivador do cais do porto; um pedreiro; um carpinteiro; um eletricista; caixeiro-viajante; um marinheiro, enfim, era sempre um trabalhador que, independente da função profissional, jogava por amor, por lazer, um tipo de terapia. O capoeirista fazia aquilo por ser uma dança, que fazia ele se sentir bem e conseguir o que queria, através da concentração.

Nem os mestres tinham a capoeira como profissão?
Ninguém tinha. Todos eles eram operários, tinham sua profissão. Pastinha era tarefeiro, depois foi tomar conta de jogo; Daniel Noronha trabalhava na estiva; Canjiquinha e Caiçara, na Prefeitura; Paulo dos Anjos, como motorista; mestre Ferreira e eu, como armador. Ninguém vivia da capoeira. Eu vivi nela durante 40 anos sem ganhar um tostão!
E a capoeira atual?
O negócio evoluiu. Evoluir é muito bom, mas é preciso ter uma raiz, um início para a coisa não andar para um lado contrário, pois esta arte é rica demais! A capoeira é sua vida, minha e de muitos outros. Não se tem como controlar isso. Daí, é preciso ter um domínio de educação para que ela não perca essa coisa linda que possui.

O Sr. Se referiu a um tempo em que todos eram amigos, havia união. Hoje há muita rivalidade. O capoeirista forte e grande entra na roda disposto a destruir o outro. Que acha disso?
Naqueles tempos, os mestres se respeitavam entre si e incentivavam a consideração por parte dos alunos. O cara podia ser grandão, como Agulhão, que media dois metros de altura, ou forte como mestre Waldemar, Traíra, Zacarias, Davi ou Dada – que na época, davam o maior show de capoeira – mas havia um controle, um respeito. Quem tomava uma cabeçada, caía e se levantava para dar as mãos ao parceiro, sem agressividade ou rancor.
Isso também acontecia também entre os mestre antigos?
Não. Os únicos mestres que discutiam em Salvador, naquela época, eram Canjiquinha e Caiçara, mas tudo encenação, nas apresentações para turistas. Abusavam dos risos e das tapeações. Os dois morreram de bem um com o outro.
Mais recente, conheci alunos que chegam a querer bater em seus mestres, alegando que nada aprenderam. Sabe o que é isso? Falta de educação. O capoeirista tem que se educar, para respeitar e ser respeitado.(…)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,





