setembro 20, 2024
Editora Cubile lança livro sobre a história de Sorocaba
Exposição de Artes Janelas do Brasil
Homenagem ao concurso Miss Brasil
O luar e o amor
Aldravia (3)
Em toda estação há solidão
Penso em ti e logo te quero
Últimas Notícias
Editora Cubile lança livro sobre a história de Sorocaba Exposição de Artes Janelas do Brasil Homenagem ao concurso Miss Brasil O luar e o amor Aldravia (3) Em toda estação há solidão Penso em ti e logo te quero

Jairo Valio: 'O sapo untanha'

“Havia no banhado um sapão enorme que engolia insetos sem parar até sua pança ficar inchada de tanto comer…”

 

Havia no banhado um sapão enorme que engolia insetos sem parar até sua pança ficar inchada de tanto comer.
Depois, se arrastando, deixava um rastro onde a perigosa cotiara ou a brava jararacuçu do brejo poderiam seguir o sapão, pois era um apetitoso petisco para essas cobras tão peçonhentas.
No entanto o sapão tinha suas artimanhas. Quando percebia que estava sendo seguido, enchia o seu papo como se fosse uma bexiga quase estourando e a cobra cotiara, traiçoeira, escondida no meio das plantas aquáticas, dava seu bote, pensando que iria engolir aquele rechonchudo sapão, cheio de muita carne, ainda mais depois que comeu insetos e ficou gordão e poderia então encher seu bucho e ficar dias e mais dias sem comer, tomando o sol tão quentinho naquele banhado que era seu habitat.
Paft, deu seu bote, abocanhando a boca enorme do sapão untanha.
Nisso, o sapo sabido espirrou nos olhos da cobra cotiara um leite leitoso, que ardia como fogo e era sua arma secreta . A cobra apavorada soltou suas presas daquele corpão de pele dura, onde seu veneno não conseguiria penetrar e  se mandou entrando no brejo para aliviar o ardume que queimava seus olhos e assim, a caça apetitosa venceu a batalha contra o terrível predador.
De seu papo saiu então o som que todos os animais daquele banhado ouviram e se formou um coral que tinha todos os sons, desde a rãzinha pimenta até os sapos menores e o sapo untanha, o maior entre todos, comandou a afinada orquestra:
– Foi gol, não foi, foi gol, não foi, foi gol, não foi, foi gol, não foi, foi, foi, não foi, não foi, não foi, foi gol, não foi.
Assim são os sapos, que comem os insetos danosos que dão prejuízos às lavouras e trazem doenças, sendo benfeitores da natureza.
Não devemos fazer as malvadezas, como colocar sal em suas costas, pois isso tira suas vitalidades e eles não podem mais saltar, meio que desengonçados e aí morrer de inanição.
Devemos deixar eles ficarem nos beirais das casas, comendo as baratas, as aranhas e todos os insetos nocivos ao homem e, quando as chuvas vierem, ouvirmos o seu coaxar:- Foi gol, não foi, foi gol, não foi.

Jairo Valio – valio.jairo@gmail.com
28-02-2012

Sergio Diniz da Costa
Últimos posts por Sergio Diniz da Costa (exibir todos)
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo