novembro 21, 2024
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Ana Esther Balbão Pithan é a nova Correspondente Cultural do ROL

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 Como primeira colaboração, entrevista os idealizadores do Sarau do QuintALL, evento artístico mensal gratuito que ocorre no norte da ilha de Santa Catarina, desde fevereiro de 2014

Ana Esther Balbão Pithan passou a fazer parte recentemente do Time de Colunistas do ROL e, agora, passa a ser, também, Correspondente Cultural, de Florianópolis (SC).

Sobre a entrevista, Ana Esther fala, entusiasmada: “Para mim é uma imensa alegria que a primeira entrevista que faço para o ROL seja com os idealizadores do Sarau do QuintALL pois é um evento do qual  eu participo desde fevereiro de 2015 e renovou minha vida, minhas inspirações e é uma fonte de inúmeras alegrias com as amizades maravilhosas que por lá já fiz! É um evento artístico mensal gratuito que ocorre no norte da ilha de Santa Catarina, a tão vibrante Ilha da Magia Florianópolis, desde fevereiro de 2014 e sob a batuta da Ana Luiza Brasil e do Luís César Aguiar e que leva alegria a um montão de gente em Florianópolis e região metropolitana. Aproveitem!”

Saraus do QuintALL

(Ana Luiza Brasil e LuCA=Luís César Aguiar)

Ana Luiza Brasil e LuCa

Ana Esther:  Como surgiu a ideia inicial para o Sarau do QuintALL?

Ana Luiza Brasil: Eu trabalhei 25 anos com jornalismo e escolhi trabalhar com os pontos positivos das pessoas, preferindo mais as histórias de vida do que as notícias, principalmente no que as pessoas fazem de bom nas várias expressões artísticas e – assim – abrir caminhos para o lado mais positivo. Eu vim pra Floripa com a ideia de viver de maneira mais meditativa, mais ligada à natureza, uma vida mais simples; sentir o gostinho de ser desconhecida. Mas, logo comecei a cantar profissionalmente, algo inédito em minha vida, e aí me deu aquela antiga vontade de espalhar para mais gente a chance de se expressar, ver shows… mesmo sem dinheiro pra investir… O meu único dia vago eram as quintas-feiras. Então, surgiu a ideia de criar para esse dia da semana um evento gratuito, com o principal objetivo de puxar a essência positiva das pessoas. Senti que pessoas afins gostaram do projeto.

O Buraco de Minhoca

O LuCA, meu companheiro de 18 anos, e que é músico, artista plástico, yogue, e professor de tudo isso, apesar de gostar de ficar nos bastidores, é meu ajudante e realizador do nosso sarau. Sem ele, nada aconteceria. Luca preza sua alegria interna e vê isso acontecer no QuintALL com as pessoas. Os alunos dele se apresentam lá, e o QuintALL – segundo ele – tornou-se como um laboratório mensal onde eles podem mostrar o que estão desenvolvendo. Além disso, LuCA acompanha muitos alunos de canto, ou outros cantantes que se manifestam em querer se apresentar. Mas, lembramos que o QuintALL não é Karaokê.

AE:  Por que o nome QuintALL?

ALB:  Quinta Cultural… eu achei muito comum, surgiu então Quintal (onde temos memórias afetivas felizes de nossa infância). Um amigo sugeriu ALL – no final – para significar tudo e todos, para todos.

AE:  Quais as maiores dificuldades e quais os aspectos facilitadores para a concretização da ideia?

ALB:  Não pensei nem penso nas dificuldades. LuCA e eu fazemos acontecer com os recursos que temos, e espero que aconteça o que tem que acontecer por parte dos outros. No entanto, o que temos visto ao longo desses quase 5 anos é que as pessoas vão, gostam, abastecem o evento, e se sentem com responsabilidade para fazer o que se consegue (sincretismo).

AE:  Como foi a expectativa e depois a realidade no primeiro ano do sarau?

Daniel de Moraes Ferreira – Prof. de Tai Chi

ALB:  Não sou pessoa de expectativa. Sempre entrego para o Universo. LuCA e eu sempre estivemos dispostos para assumir o palco sozinhos caso não viesse nenhum artista, e para nos apresentar para cinco, ou cinquenta pessoas. No entanto, sempre vieram os artistas, poetas, e público para aplaudir. O nosso QuintALL tem uma energia leve, não tem planejamento nem protocolo, nunca sabemos quem vai se apresentar e nem quem será o público. Cada um vem trazendo uma novidade, e há uma diversidade de assuntos que envolvem a descoberta de cada um, e rola no palco informações, ou apresentações, de cuencos de cristal, cosmetologia natural, umbanda, dança indígena, etc… Vários projetos foram realizados pelo apoio do QuintALL, como por exemplo a realização de um sonho antigo de Giovanna Massaro: o livro A Ilha da Magia em 100 Palavras (2016), inclusive com muitos minicontos dos participantes do QuintALL!

Há também a Feira Cultural, um espaço junto ao local do lanche, onde os participantes podem expor os seus próprios produtos (artesanato, livros, CDs, etc.) sem pagarem comissão. Houve também três edições da Revista QuintALL em parceria com a gráfica que não cobrou o trabalho, apenas os custos do material, e a jornalista Cláudia Reis e eu não cobramos nosso trabalho de layout da revista, entrevistas e redação. Essa iniciativa foi meu lado jornalístico querendo dar voz às pessoas. A minha intenção é que nós conhecêssemos a história pessoal e profissional dos frequentadores do QuintALL. Seria como um cartãozão de visita, onde nossos laços poderiam se fortalecer também fora do Evento. Só conseguimos editar três revistas, porque a Gráfica precisou cobrar pelo serviço de impressão e nós não demos prosseguimento.

Outra iniciativa linda que tivemos foi fazer a edição de dezembro no Teatro Dionísio (na praia dos Ingleses). Queríamos algo mais solene para valorizar os participantes e para dar o gostinho para quem nunca tinha tido a experiência do palco de um teatro. No entanto, conseguimos manter a mesma cara do QuintALL com suas características próprias, e as comemorações de Natal. A Pousada MonChateau, na Praia de Canasvieiras, nos abrigou por quase 4 anos, mesmo tendo passado por quatro proprietários diferentes. O QuintALL conseguiu mostrar para as pessoas que não é o dinheiro que está no palco, mas, sim, o amor; sempre quis provar que isso é possível, e que o que abastece o coração é a alegria, e ele é a sabedoria suprema. Com o coração no comando, e deixando o Cabeção de fora, que é o lema do QuintALL, todos pulsam no mesmo ritmo, daí a energia e a emoção do QuintALL. E todos têm participação nisso: quem filma é de graça, quem fotografa também, o local é cedido, as comidas são compartilhadas, enfim, todos se dão uns aos outros.

Susana Zilli (poeta) com Ana Luiza

AE:  Que pontos dos quais vocês não abrem mão para a realização dos saraus do QuintALL?

ALB:  Não abrimos mão deste formato diferenciado, desejamos mostrar que o mais importante não é o dinheiro, mas, sim, o amor. E damos a oportunidade de aprender uns com os outros assuntos que nos fazem evoluir e refletir, ampliando a nossa consciência. Por exemplo, ter um lanche sem “bichinho” em nosso Evento, não põe o dedo no nariz de ninguém quanto ao consumo de carnes, mas nos faz refletir quanto à escravidão dos nossos bichos e não para impor a ideia aos outros sem a carne; e sem álcool, porque não queremos distração, mas, sim, atenção, alegria com consciência.

Fábio D.A.L. da Silva – Poeta

Eu, também, gosto de colocar as cadeiras em forma de auditório, para que todos – de frente e atentos – recebam o presente que está sendo dado. Outra coisa diferenciada é que não procuramos fazer divulgação formal na imprensa, preferimos o boca-a-boca, principalmente porque não queremos estimular a ida das pessoas lá por causa da publicidade. Primo pela ausência de ego, pois, assim, todos – amadores e profissionais – são recebidos com o mesmo nível de importância. Além de parcerias artísticas que nasceram do QuintALL, já passaram por nós muitas atrações, tais como lançamento de livros, shows circenses, teatro de palhaços, dança do ventre, poesia, contação de histórias, bandas de rock (MPB), música irlandesa, duo de viola clássica, harpa, dança cigana, balé clássico. Dessa forma, com um pouco de tudo, aprendemos a conviver – com respeito – as várias formas de arte, religião, opiniões, escolhas de cada um. Importante também é a diversidade de faixa etária, crianças, adultos, idosos. Os quintalleiros sabem que ali eles serão respeitados, não serão machucados, e serão recebidos com amor e gratidão, por isso não têm medo da crítica. Já nos ofereceram para transformar o QuintALL numa ONG, mas não queremos. Com certeza, passaríamos a ter critérios, cumprir funções, dar satisfações, aí entra o dinheiro, não queremos. Não temos vaidades. O aspecto formal leva a crescer os olhos.

Nita Saideles Martins – Artista Plástica

AE:  Qual a repercussão deste evento em Florianópolis?

ALB:  Em nosso primeiro ano de existência, recebemos – com muita alegria – medalha e certificado da ACPCC, pelos serviços prestados à cultura de Florianópolis e ao povo catarinense. Também recebemos – com a mesma alegria – o Certificado de Honra ao Mérito da MULEARTE, presidida por Célio Gilberto. Em Castro, no Paraná, surgiu um evento, inspirado nos moldes do QuintALL, que se chama Luau do Iapó, nosso primeiro filhote, e que já promoveu 21 – ou mais – eventos mensais. Os promotores do evento são Luís e Lúcia Menarim, casal que frequentou o QuintALL por duas vezes, adorou a ideia, e quis fazer igual na cidade deles.

Gabriela, Thiago e Gabrielzinho

AE: Para vocês, quais os motivos de maior satisfação com o QuintALL?

ALB:  No QuintALL não há competição, que é a mácula do Universo, e que acaba fazendo a Arte ficar feia. E isso não ocorre no QuintALL!  

AE:  Alguma tristeza ou decepção?

ALB:  Nessa Vida, não há tristezas, nem decepções; há aprendizado.

Marcos William Martins – Salva-Vidas e desenhista

AE:  Planos para o futuro?

ALB:  Futuro? O que é isso senão a consequência do Presente? Faço o QuintALL sempre no Presente, uma edição por vez, sem a menor preocupação, e sem nenhum plano. Vamos tocando até que ele cumpra a sua trajetória.

AE:  Alguma informação que vocês gostariam de acrescentar e eu não perguntei?

ALB:  Não, querida Ana Esther, apenas gostaria de lhe agradecer pela sua preciosa presença e participação em nossa Família QuintALL. Muitos beijinhos e obrigada também por essa entrevista.

 

Sergio Diniz da Costa
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