Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘MUITA COMPLICAÇÃO’
Somos vítimas da complicação de temas relativamente simples, que vez ou outra surgem, aqui e acolá.
A vítima maior das controvérsias, como sempre, é a educação. O ensino religioso, obrigatório às escolas, mas constitucionalmente facultativo a cada estudante, tem originado discussões as mais diversas, e impedimentos práticos que acabam por deixa-lo prestes a desaparecer, como justo, do texto constitucional.
Em tese, as aulas não seriam lecionadas por religiosos, mas por pessoas preparadas para incutir o respeito às diversidades, cultos e credos, de fiéis e ateus. A ideia central seria liquidar com a intolerância religiosa.
O dispositivo legal acabou sendo mais uma letra morta, como tantas que há no Brasil. Se implantado, estaria fadado a ser mais um complicador do ambiente escolar, a começar pelo constrangimento de pais e filhos que optassem por não participar da matéria.
O respeito às diversidades tem argumentado posturas até ridículas, tamanha a ferocidade das discussões. No caso da diversidade sexual, deve haver algum método que não seja a negação do aparato sexual natural, como indicativo original de sexualidade.
Não devemos incutir, nas crianças, a ideia de que podem, todas, urinar em pé ou sentadas, ou beijar o amiguinho e a amiguinha, até perceber por qual sexo têm maior atração. A noção de que aparatos sexuais naturais nada indicam, até que surja a opção, é catastrófica, abusiva e deprimente.
Respeitar as diversidades, religiosas, sexuais, políticas e raciais, cabem plenamente no item respeito humano, ao lado do respeito à natureza, animais e aves. Mais que isso, é doutrinação e colonização cultural, e cabe razão, muita, aos que julgam que alguns temas devem ser ensinados no seio familiar.
O respeito aos negros não exige que pratiquemos seus rituais de origem, assim como devemos respeitar japoneses sem comer arroz sem sal, e respeitar os italianos, sem gritar. Compete às escolas detectar intolerâncias, tentar corrigi-las e até mesmo puni-las, quando necessário.
Existe uma tentativa pouco camuflada de instrumentar a escola, transformando-a em fábrica de militantes. Professores não podem, sob pena de lesa pátrias, transformar cátedras em tribunas.
A escola merece estar imune a idiotias e preferências pessoais, de professores, administradores, pais e alunos. Exemplos recentes, de literatura grosseira e pornográfica, prestaram relevante desserviço à educação.
Na verdade, compete aos pais assumirem a obrigação de acompanhar e sondar tudo o que está sendo lecionado aos filhos, e como anda o ambiente escolar. Muitos são os que reclamam, e poucos os que acompanham de fato, e cobram soluções.
Da maneira como vamos, nossos estudantes em breve saberão tudo, menos matemática, português, biologia, geografia, etc. Assim não dá!
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
- Como o jornalista Helio Rubens vê as coisas - 9 de janeiro de 2024
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 27 de dezembro de 2023
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 22 de dezembro de 2023
É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.