Brasil, jovens escritores e talentos aprisionados
Tenho viajado pelo Brasil a fora e tido o privilégio de solicitar a leitura do poema Fazenda, de autoria de Edelson Rodrigues Nascimento, habitante do Distrito Federal.
Muitas pessoas ao ler o poema ficam pensativas, interrompem a leitura ou, simplesmente, soluçam pela emoção das palavras que provocam sentimentos de nostalgia, de lembranças, de pena e, sobretudo, de saudades!!!
“O galo trazia a aurora.
E o cheiro de café quente
confortava os corações.
No curral, o leite em neve
aquecia nossa espera
– crianças no seio da vida.
Um pouco além, ainda cedo,
meu pai deflorando a terra,
com seu arado de luz.
Minha mãe cerzia o tempo
com finos fios de ouro
nascidos de suas mãos
Minha irmã se balançando,
pendurada nos dentes do dia,
na gangorra do bem-querer.
Minha avó, no quarto de cima,
penteava nuvens cinzentas,
com dedos de esquecimento.
Os irmãos, tremeluzindo,
nadávamos nus no riacho
– pássaros soltos no mundo.
E tios, vizinhos, amigos,
ao redor de uma fogueira
– pirilampos ao lusco-fusco.
Os primos, vindo em bando:
e uma alcateia de gritos
resgava o ventre da noite.
Esse quadro ainda existe,
trancado em algum lugar,
na masmorra da memória.
Só não existe o menino,
que a cidade engoliu,
com seu hálito de enxofre.”
Não é genial?
Fábio Ávila
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.