novembro 22, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

'Poema sem rima', de Claudia Lundgren

image_pdfimage_print
Claudia Lundgren

Poema sem rima

Vindo de mim,  é incomum poetizar sem rimar
O emaranhado de palavras que não se casam
Se identificam com o momento em que vivo
Turbilhão de emoções em minh’alma

Sou solitária anciã
Trancada entre quatro paredes
Privada de ver meus filhos, netos
Qualquer outra pessoa, cachorros ou gatos

Olho pela fresta do muro a rua
Converso com a estática Mona Lisa
Desabafo com aquela foto antiga dos meus pais
Vou reclamar da vida com quem?

Engessada, algemada, quantos nós na garganta…
Tento me distrair, ligo o rádio, a televisão
E ainda mais me angustio
Meus gastos e rígidos joelhos já não conseguem se dobrar em oração

Me derramo em meus versos desconexos
Me transbordo sem métrica
Me desnudo em palavras escritas
Já que minha voz aguda ninguém é capaz de ouvir

Na minha face já não tem espaço para novas rugas
Os cabelos totalmente prateados
Não sou capaz de exteriorizar o que sinto
O meu ser inflado de tantas palavras não ditas e sentimentos que não exprimo

Quando eu puder novamente abraçar meu filho
Com certeza irei chorar de alegria
Dar aquele grito contido, falar descontroladamente
E também estarei desejosa, sedenta para ouvi-lo

Sou anciã, eremítica, isolada
Prolixa, uso a caneta para suprir minha solidão
Dependo de alguém para comprar meu pão
Junto as mãos, na esperança de que tudo irá passar.

Claudia Lundgren

Helio Rubens
Últimos posts por Helio Rubens (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo