O QUE FAZER? DÚVIDAS E CERTEZAS
Estamos no olho do furacão. Enquanto o pico da pandemia não for atingido e ela começar a refluir, faltarão elementos mais precisos para esboçarmos como será nossa atuação no day after.
Sabe-se lá, p. ex., se quando nos livrarmos da pandemia, já não teremos nos livrado também do Governo Bolsonaro, que encontra-se em avançado processo de esfarelamento…
Mas, além das muitas dúvidas, eu acredito que já existam algumas certezas, e são elas que alinhavo neste artigo.
1) Jair Bolsonaro inevitavelmente cairá. Nenhum governo se sustenta sem oferecer alguma esperança de melhora para o povo, e ele não tem mais nenhuma na manga:
— o antipetismo perdeu a razão de ser porque o PT está minguando aos poucos e não serve mais nem mesmo de espantalho para o proselitismo inimigo;
— a retomada do crescimento não vai acontecer, mas, pelo contrário, doravante entraremos naquela que provavelmente será a pior depressão econômica da nossa História; e
— o combate à corrupção agora é bandeira exclusiva do Moro e seus lavajatistas (ele precisa derrotar o presidente na batalha pelo espólio antissistema e certamente o conseguirá, pois o Bolsonaro se desmoraliza cada vez mais ao entregar desembestadamente as jóias –e os cargos– da Coroa para o putrefato centrão).
2) Dependendo da turbulência que a contagem de cadáveres e a depressão econômica provocarem, poderá até haver uma ditadura militar, mas encabeçada por um general, nunca, jamais, em tempo algum, por um capitão que dá repetidas mostras de descontrole, levantando suspeitas até de insanidade mental (Bolsonaro hoje não passa de um cadáver político esperneando para fingir que ainda está vivo enquanto o rabecão não chega para recolhê-lo).
3) Para nós, da esquerda, a prioridade máxima continua sendo a de reconstruirmos e depurarmos o nosso campo. Para qualquer coisa que queiramos fazer daqui para a frente, precisaremos de uma esquerda de verdade, não dessa aí que louva os valores republicanos mas, mesmo sujeitando-se obedientemente aos ditames da democracia burguesa, não foi capaz de articular nestes 16 meses nenhuma reação minimamente relevante ao pior presidente da História do Brasil, estuprador contumaz da Constituição de 1988 (a lista de crimes de responsabilidade por ele cometidos é interminável, embora o Rodrigo Maia continue a todos ignorando!).
4) A luta armada precisa de quadros que a travem e, no momento, o único lugar onde poderíamos encontrar tais quadros é na esquerda remanescente. E esta nem de longe se dispõe a encarar agora tal opção. Então, seja para a luta armada ou seja lá para o que for, teremos primeiramente de fazer a lição de casa:
— a autocrítica dos terríveis erros cometidos durante a hegemonia petista;
— a definição de novos caminhos (bem diferentes dos do reformismo, populismo e conciliação de classe, que nos direcionaram para lugar nenhum e fizeram com que ficássemos patinando sem sair do lugar desde 1985); e
— a apuração das responsabilidades coletivas e pessoais por termos sido praticamente reduzidos à irrelevância ao longo da presente década.
Então, chega de pasmaceira e comecemos a fazer pelo menos aquilo que já podemos fazer, além do processo de crítica e autocrítica que está quatro anos atrasado (deveria ter ocorrido em 2016!): participarmos ativamente das articulações das várias forças políticas para definição de como será retirado o bode da sala e que esquema de poder emergirá em seguida, mesmo sem esperança de exercermos papel de protagonistas (pois ora não temos peso político que o justifique).
Mas, é importante evitarmos que tal processo seja monopolizado pelos centristas e pelos direitistas moderados, como o foi a substituição da ditadura militar pela Nova República. Daquela vez acabamos alijados na reta final, mas marcamos forte presença nas diretas-já. Se desta vez ficarmos o tempo todo vendo o trem passar, as massas começarão a indagar se ainda existe esquerda no Brasil.
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Observação — Começam a pipocar nas redes sociais alusões à luta armada como uma possível linha de ação para a esquerda sair da sua atual defensiva estática (noutras palavras, ela nada tem feito além de deixar tudo como está pra ver como fica!), então resolvi aprofundar tal questão ao responder comentário que me foi dirigido no Facebook (“Se tivermos ditadura militar outra vez aqui no Brasil, e com o Ai-5 pedido pelos bolsominions, teremos que fazer a luta armada sim, só que dessa vez fazendo trabalho de massas e tendo ligações com o povão!!!”).
E resolvi divulgar tal resposta na forma de artigo para circulação ampla, pois tenho a esperança de que ela dê uma contribuição válida ao debate que está se iniciando.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional