novembro 21, 2024
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Historiadores e fotógrafos sorocabanos realizam expedição à FLONA – Floresta Nacional de Ipanema

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Os objetivos da expedição foram promover e conhecer a história da FLONA, Berço da Indústria Siderúrgica Brasileira

Carlos Cavalheiro

Mais de duas décadas se passaram, porém, para os historiadores Carlos Carvalho Cavalheiro e Adofo Frioli e os fotógrafos Edson Toshio Kubo e Jovil Franco Júnior a história e as imagens da expedição à Floresta Nacional de Ipanema se perpetuaram no tempo.

Agora, mister se faz rememorá-la!

Há tempos que esse passeio era planejado. É necessário esclarecer que Edson, Jovil e Carlos eram funcionários do Fórum de Sorocaba. Embora trabalhassem em funções diversas, se conheciam desde há muito tempo. O interesse pela fotografia e por lugares históricos e, ao mesmo tempo, de belas paisagens, era o elemento agregador do grupo.

Adolfo Frioli

Por ser historiador, Carlos Carvalho Cavalheiro conhecia Adolfo Frioli, também pesquisador de história regional e que exerceu a função de diretor do Museu Histórico Sorocabano por quase trinta anos. Então, partiu do Carlos a ideia de convidar o Frioli para o passeio planejado na Fazenda Ipanema.

No dia 20 de maio de 1998, após prévio agendamento, os historiadores Adolfo Frioli e Carlos Cavalheiro e os fotógrafos Edson Toshio Kubo e Jovil Franco realizaram uma expedição à FLONA – Floresta Nacional de Ipanema, que teve como guia acompanhante o senhor João Mateiro. O senhor João era um dos principais guias autorizados a percorrer com grupos agendados as matas da Floresta Nacional de Ipanema. Nascido na área rural, João tornou-se “Mateiro”, ou seja, alguém com habilidades especiais para caminhar por dentre a mata. Hoje, com tantos programas de sobrevivência nas TVs, João Mateiro seria alguém conhecido como Bear Grylls, Ed Stafford, Coronel Leite, Léo Rocha, Les Stroud, Karina Oliani, Cat Bibney ou qualquer outros desses realities-shows de sobrevivência que abarrotam os canais de TV pagos.

Jovenil Franco Júnior. Ao seu lado, a esposa, Silene

Além do profundo conhecimento de como deslocar-se pela mata, João Mateiro especializou-se nos vestígios históricos presentes na Floresta de Ipanema, desde aqueles mais evidentes, como as construções da antiga Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, até outras mais escondidas como as ruínas dos fornos de Afonso Sardinha e a gruta do Monge do Ipanema.

Segundo depoimento do fotógrafo Edson Toshio Kubo, “foi uma verdadeira aula de História ao vivo!”

Edson, visivelmente emocionado, não obstante o tempo passado, continua a narrativa:

“Partimos do Centro Administrativo da Fazenda Ipanema, no município de Iperó/SP. Antes do início da trilha houve explanação do guia João Mateiro, que passou algumas orientações de como se portar na mata, não descartando resíduos alimentares, lixo, passar repelentes de insetos, fazer silêncio e, no caso de cruzar com algum animal silvestre, permanecer imóvel”.

Edson Toshio Kubo

No horário marcado, iniciarmos aquela ‘viagem histórica’, sempre com os preciosos conhecimentos do Sr. Adolfo Frioli. Visitamos os prédios históricos como a casa das máquinas, os fornos, o Portal da Maioridade de Dom Pedro II, a represa que foi formada pelo rio Ipanema, para gerar energia ao complexo siderúrgico.

Começamos, então, a subida ao Morro do Araçoiaba, buscando-o por uma estrada de terra que o ladeia. Ao final da estrada, João nos mostrou as ruínas dos fornos de Sardinha. Entre 1589 e 1599, esse português esteve no Morro a procura de prata. Encontrou ferro a partir da magnetita e sua descoberta ajudou na fundação da primeira Vila da região, a de Nossa Senhora de Montserrat.

A vila não prosperou, mas marcou o início de uma povoação. As terras que englobavam a atual Floresta Nacional de Ipanema só serão povoadas novamente no século XVII, com Baltazar Fernandes que funda o povoamento de Sorocaba.

Em 1811, surge a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, por ordem do príncipe Regente Dom João. Alguns anos antes, em 1808, a família real portuguesa aportara no Brasil, afugentados pela invasão napoleônica na Península Ibérica. Com a construção da Fábrica de Ferro, tocada por técnicos estrangeiros, suecos e alemães, a história daquele local toma outro rumo.

Visitamos o Cemitério Protestante, que em 2017 serviu como locação  para o filme ‘A Fera na Selva’, tendo por roteiristas  Paulo Betti, Eliane Giardini, Rafael Romão e Luiz Arthur Nunes. Esse cemitério surgiu por ordem real, já que parte dos funcionários da Fábrica de Ferro eram protestantes e não poderiam ser enterrados, no caso de falecimento, em cemitérios que eram, na época, administrados pela Igreja Católica.

Encontramos a ‘Casa do Índio’ que, segundo algumas pessoas, seria um “monge” que habitava o pé do morro de Ipanema.

Registramos também as três cruzes no alto do Morro de Ipanema, de onde se tem uma bela vista de parte de Araçoiaba da Serra e também de Sorocaba.”

A expedição de tal forma marcou a memória de seus participantes que, após essa viagem, o historiador Adolfo Frioli adquiriu uma propriedade nos pés do Morro de Ipanema, onde reside atualmente. Segundo conta o próprio Adolfo Frioli, no alto do Morro ele recebeu o “chamado” para viver ali, tão perto do início de toda a história do povoamento branco – e também indígena – de Sorocaba.

 

Abaixo, a expedição por meio de imagens:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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