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Marcelo Augusto Paiva Pereira: 'Memória e monumento: a preservação do tempo'

Marcelo A. Paiva Pereira

Memória e monumento: a preservação do tempo

Igreja de Nossa Senhora de Nazaré (Recife – PE)- Foto by Marcelo Paiva Pereira em 02.01.2014

A memória é o conjunto de experiências vividas no passado, as quais servem de paradigmas às condutas atuais. É um processo psicológico que valora trechos do passado trazidos ao presente. Recupera fatos e experiências remotas, faz uma ponte entre esses períodos, examina o presente e projeta o futuro.

Sua qualidade íntima, entretanto, é atingida por qualquer alteração do ambiente onde o indivíduo ou grupo social estiver. Para ter estabilidade são necessárias referências, figuras que atestem a época e o lugar que representem.

Essas figuras de referência se identificam nos monumentos, que são coisas ou bens cuja função antropológica é trazer à lume o passado, que faz lembrar e resgatar a identidade de uma cultura. Enquanto tal, o monumento indica um fato social ou político; e, quando encampa a natureza de documento, aponta para o período histórico do qual faz parte.

Os monumentos carregam as marcas do tempo e são temporalidades, bens culturais estratificados, embutem nossa consciência de passado e presente. Muitos são os monumentos e dentre eles se destacam os históricos, escolhidos para testemunhar os fatos e os períodos do passado que se deseja preservar. Estes são símbolos da memória de uma sociedade, que depende da preservação deles para prosseguir às gerações atuais e futuras.

A restauração é um processo de intervenção, de natureza crítica e científica que, com cautelosas alterações, atualiza e limita o uso e preserva o monumento em sua historicidade (os extratos temporais).

À atualização do uso de um monumento histórico se faz necessária sua releitura, dependente do contexto temporal e ambiental (ou urbano) em que se encontra. Daí decorre a questão da autenticidade, da qual o processo de restauração é sua causa.

Introduzir elementos estranhos à figuração (linguagem artística e estética) do monumento poderá nele causar os efeitos impróprios do falso histórico e do falso estético e, na sociedade, a falsa memória. Tais elementos se revelam pitorescos, parasitários, porque inoportunos à identidade e materialidade do monumento.

As razões da restauração são científica (visa transmitir o conhecimento às várias áreas do saber), ética (visa à existência dos bens e servir de suporte à memória) e cultural (atribui valor estético, documental (período histórico) e memorial (simbólico)).

A memória é o elemento subjetivo ou psicológico do indivíduo ou grupo social, enquanto os monumentos são o elemento objetivo, externo a eles. Daí a importância das razões da restauração e dos monumentos históricos à memória.

À preservação da memória depende a dos monumentos históricos que a simbolizam. A restauração deve desacolher elementos pitorescos, pugnar pela identidade, autenticidade e historicidade de cada monumento histórico, atualizá-los ao presente e garantir a existência às gerações atuais e futuras. Memória e monumento são a preservação do tempo. Nada a mais.

 

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Arquiteto e urbanista

 

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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