O ato de ler
Ler não é simplesmente “passar o olho” ou fazer um “apanhado geral”, como dizem os defensores da leitura dinâmica.
Quando engulo algo inteiro, na pressa de terminar minha refeição, não sinto o paladar. Ao mastigarmos e deglutimos rapidamente alguma coisa, por sua vez, deixamos de sentir um pouco da magia, do sabor daquele alimento. Algo mecânico, automático. Assim acontece com o ato de ler. Ele consiste em degustar, saborear o texto. É preciso mastigamos lentamente as letras, e compreendê-las no seu íntimo. Sentir o seu sabor. Cada doce, amargo ou ácido contido no enredo.
Ler, segundo o dicionário, é apreender o conteúdo do texto. Apreender, é assimilar algo. Como apreender aquilo que foi lido superficialmente? Se palavra por palavra não for delicadamente explorada?
Imagine ler resumidamente uma bula de remédio? O paciente precisa observar se é alérgico a alguns componentes da fórmula, a posologia, para que serve o medicamento, as contraindicações, afinal, médicos são humanos, e passíveis de erro. O mesmo acontece com os textos literários. Não dá para compreender as entrelinhas de uma poesia, o seu sentido, sua essência, numa célere leitura. Quem assim lê, perde a capacidade de interpretá-la precisamente. “O que o autor quis dizer com o texto?”. Como sabê-lo?
Ao lermos, entendemos o oculto, o invisível, intenções.
Ler é um ato de amor, de apego, mas há muitos que querem “se livrar” logo do texto. Mais vale ler dois livros com qualidade, do que prezar pela quantidade mal lida.
Imagine se o seu amado lhe escrever aquela longa e inspiradíssima carta de amor, e você simplesmente a ler “por alto”? Chega a ser uma falta de consideração…
Ao escrever um texto, o autor planeja cada palavra, cada minúcia, cada vírgula. Escolhe cada cor a ser usada. Sente no seu lugar preferido, e leia sem pressa. Chega a ser um crime ler correndo algo que foi construído com tanto sentimento, detalhes, conexões, interligações, linhas, botões e concordância.
Claudia Lundgren tiaclaudia05@gmail.com
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Claudia Lundgren, natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.