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Artigo de Pedro Novaes: 'Meu golpe'

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Pedro Israel Novaes de Almeida –  ‘MEU GOLPE’

colunista do ROL
Pedro Novaes

Minha carreira militar foi iniciada e concluída ao receber o Certificado de Dispensa de Incorporação, por excesso de contingente.

Caso fosse forçado a cumprir o serviço militar obrigatório, certamente acabaria transferido para algum quartel, por insubordinação. Ou desligado precocemente, por documentada falta de vocação.

Na verdade, tenho pendor para a carreira, mas tal tendência foi voluntariamente descartada, pelo gigantesco período necessário à patente de general.  Tenho a certeza de que seria um ótimo general, e péssimo ocupante de qualquer hierarquia inferior.

Agradeço aos céus por não ser um general, pois hoje estaria exilado, preso ou governando. Sequer esperaria pelo clamor popular ou desordem institucional, para reunir a tropa e marchar para as sedes de poder.

Pensando bem, é fácil tomar o poder pela força das armas. Basta o cerco, a detenção dos responsáveis e a nomeação dos novos dirigentes.

Seria aplaudido por todos, e saudado como herói, ao afirmar que acabaria na marra com a corrupção, demitiria de imediato os apadrinhados e implantaria uma Comissão Geral de Inquérito, para punir exemplarmente os desonestos e usurpadores do erário.

Sinto arrepios ao saber dos milhares de cargos que devem ser supridos, para que as administrações funcionem.  O número de pessoas em quem confio cegamente não chega a dez.

Acabaria responsável pelas atitudes de pessoas nomeadas, que sequer conheço, e temo que continue governando, sem desconfiar que os males que justificaram o golpe recrudesceram, no lodaçal do monstro chamado Poder. O pessoal do Gabinete poderia filtrar as informações que chegassem, e poderia ser transformado em bobo da corte, ditador que julga ditar mas no fundo é ditado.

É, de fato, fácil tomar o poder. Difícil é descobrir o que fazer com ele.

Deus foi sábio ao impedir que fosse um general, ou detentor de outra patente, com poder e meios para conspirar. Na verdade, o único exército capaz de assumir o poder, e conduzi-lo, é o povo.

Mas o tal povo vota, vota, mas não assume o tal poder. Nos últimos 515 anos, foram raros e breves os períodos em que esteve, de fato, representado.

Não creio que a população seja tão desonesta quanto muitos dos que elege. Nosso sistema político e eleitoral opera no sentido de premiar os que pouco ou nada representam.

Não é aplicável, ao Brasil, o dito de que “cada povo tem os governos que merece”.  Ninguém, nem os brasileiros, merece ser roubado e viver em ambiente de pouca educação, saúde e segurança, da federação ao município.

Vivemos mais uma crise, e torço para que sofra sérios agravamentos, pois só o fundo do poço, quando o teatro político deixar de ter efeitos e audiência, permite e incentiva o surgimento de líderes natos.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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