novembro 22, 2024
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Artigo de Guaçu Piteri: 'Impeachment'

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Guaçu Piteri: ‘Impeachment’ não é golpe” (Geraldo Alckmin)

foto-guacuAntes de tudo, vamos combinar: embora político, o “impeachment” é um processo democrático e constitucional.

A ação de autoria dos advogados Bicudo, Reale Jr e Janaína, em tramitação na Câmara, ganha força e legitimidade em decorrência do parecer do Tribunal de Contas da União que concluiu pela rejeição das contas da presidente do exercício de 2014, por graves irregularidades.

No primeiro momento, Dilma procurou se defender alegando que não tem dólares na Suíça. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vestiu a carapuça e respondeu que Dilma “mente à nação”.

Qual é a novidade? a maioria dos brasileiros – revela o Datafolha – tem a clara percepção de que Dilma ganhou a eleição porque mentiu, enquanto Cunha, envolvido até o pescoço nas denúncias da Lava Jato, não consegue explicar a origem e movimentações dos dólares em suas contas nos paraísos fiscais.

Mas, volto ao “impeachment”: Na vertente política, a principal ameaça ao mandato de Dilma decorre da posição do PMDB que, monitorado pelo vice presidente, Michel Temer, pretenso sucessor do trono, dá sinais de que pode abandonar o barco. A posição do partido, majoritário no Congresso, tem tudo para causar uma reviravolta no precário equilíbrio de forças do desgastado e corrupto presidencialismo de coalizão vigente.

Segundo os entendidos, o processo político é dinâmico e imprevisível. Magalhães Pinto, senador mineiro de meados do século passado, costumava dizer que a política é como as nuvens que se movem no céu. Em poucos segundos, mudam de forma e de posição. É ingenuidade descartar a possibilidade de alteração do panorama atual. Ademais, a grande batalha vai ser travada nas ruas. O governo tem tudo para sair na frente. Conta com o apoio incondicional dos pelegos da CUT e dos “militantes” especialistas em campanhas eleitorais, cooptados aos milhares em cargos de confiança, além da maioria dos governadores que, de pires na mão, são reféns do poder central. Basta um estalo de dedos, e zaz, a disciplinada e submissa brigada está a postos.

Mas será que isso é tudo? A experiência mostra que não… Não é.

A queda da ditadura foi impulsionada pela histórica campanha das “diretas já”, que começou timidamente, com uma concentração de 25 mil pessoas na Praça da Sé. Pouco tempo depois, arrastou 1,5 milhão de entusiastas ao Vale do Anhangabaú.

O que dizer, então, da performance dos “caras pintadas?

Lembro-me de Collor, na televisão pedindo à população que vestisse luto, em protesto contra os que o queriam fora do governo. O tiro saiu pela culatra. No dia seguinte, o Brasil amanheceu vestindo as cores da pátria. O verde e amarelo da bandeira, numa peça da roupa, ou em duas fitas atadas à antena do automóvel, ou num prosaico par de aspas pintadas na face dos jovens, derrubaram o presidente. O grito das ruas venceu… Collor foi destituído por 441 votos a 38.

A pergunta que está na rede, segue reverberando em todos os cantos e tira o sono de muita gente em Brasília, não quer calar:
– Será que a História vai se repetir?
– Bem, agora há uma diferença fundamental;
– Sim?!…
– À época, Lula e o Petismo entendiam que “impeachment” não é golpe.

Helio Rubens
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