Assim como você
Assim, como você, sou gente. Sou de carne e osso.
Assim como você, já fui humilhada. Já me disseram coisas que me doeram a alma, mais do que um tapa na cara. Ouvi de muitos que eu não chegaria lá. E sei que alguns não me disseram, mas imaginaram; dava para perceber. Já chorei escondida, assim como você. Já fui enganada e iludida. E quem não aprende com a vida? E quem não se escalda com a dor?
Já tentei e não deu. Dei o melhor de mim e recebi ingratidão. Já deixei também, assim como você, de me doar. Fui amor em excesso, e em escassez.
Assim como você já tropecei e caí. Já fui ao fundo de poço, mas um Alguém superpoderoso me tirou de lá.
Para tentar agradar aos outros, assim como você, já deixei de ser eu mesma. Coloquei máscaras sociais que nada tinham a ver comigo. Hoje, por me conhecer mais do que ontem, não mais finjo ser quem eu não sou, e me orgulho de mim, mesmo com toda minha gama de defeitos e fragilidades.
Assim como você, já ouvi que eu não servia para nada. Já chorei escondida. De fato, para muitas coisas eu não sirvo. E nem você. Porém, eu descobri que tenho sim, serventia; que tenho ‘utilidade’. E você tem também. Talvez apenas não tenha se descoberto.
Embora eu tenha aprendido muito com a vida, assim como você, já cometi os mesmos erros. Acreditei. Levei rasteira. Levei calote.
Já riram de mim por eu ter sido verdadeira. Pelo mesmo motivo, já decepcionei pessoas.
Já me chamaram de estranha, de lunática, de ultrapassada, de esquisita e assim como você, concordei com todos eles.
Já me disseram para seguir adiante em momentos que eu mal conseguia tirar os pés do chão. Mas isso foi válido, pois cresci.
Já me carregaram no colo, já me ofereceram o ombro, já me deram a mão. Assim como você, já precisei de ajuda.
Já cobraram de mim o que eu não podia dar. Já me cobrei além das minhas possibilidades. Assim como você, sofri por não ter sido capaz de cumprir o prometido. Já fui pressionada.
Eu sei, já mentiram para você. Eu sei, você não agradou todo mundo. Eu sei, você já desejou fugir. Eu sei. Eu também.
Assim como você, eu já errei tentando acertar. Já marquei a alternativa errada. Já me enganei ao passá-la para o cartão de respostas.
Assim como você, preciso de perdão a todo o tempo. Já fui ofendida e ofendi. Algumas vezes, dei a outra face, mas em outras, bati.
Já fiquei calada por que eu quis, e também por não saber o que dizer. Já falei demais, disse coisas impensadas, e por, isso, assim como você, ouvi o que eu não queria.
Tenho medos e traumas, tristezas contidas, mas também, assim como você, incontáveis alegrias, imensuráveis emoções positivas. Porque assim como você, sou gente. Sou de carne e osso.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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Claudia Lundgren, natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.