A PARALISIA DO BRASIL OFICIAL CONDUZ O BRASIL REAL À DEPRESSÃO ECONÔMICA
Enquanto prosseguem na Praça dos Três Poderes as degradantes escaramuças entre um governo que morreu mas resiste a ser enterrado e uma oposição que ainda não descobriu como cravar a estaca no coração do vampiro, no Brasil real a situação se deteriora cada vez mais.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, referentes ao período setembro/novembro de 2015, são simplesmente desoladores:
- já são 9,13 milhões os desempregados, cujo número aumentou 41,5% no período de um ano;
- a taxa de desemprego, que era de 6,5% em idêntico período de 2014, saltou para 9%, o pior resultado desde 2012, quando foi iniciada a série histórica do PNAD;
- a sensível piora do quadro em 2015 se deve ao aumento do número de pessoas que, em função da recessão, passaram a procurar emprego mas não o estão encontrando;
- no período de um ano, os trabalhadores com carteira assinada diminuíram em 1,1 milhão, ou seja, 3,1%;
- no período de três meses, a queda da renda real foi de 0,7%.
Evolução positiva? Nenhuma. Os desempregados continuaram no patamar de 9,1 milhões, como estavam um mês antes, mas nem sequer se pode saudar a interrupção da tendência decrescente: o normal seria que, pelo contrário, a taxa de desocupação diminuísse um pouco em função do trabalho temporário no período natalino, mas tal não ocorreu desta vez. Ter ficado estacionária foi prejuízo, não lucro.
Os economistas garantem que, ao longo de 2016, será inevitavelmente atingido o patamar altamente simbólico de 10 milhões de desempregados. Não há medida que possa ser tomada agora, capaz de impedir que continuemos descendo a ladeira nos próximos meses.
Mesmo porque a saída de situação tão crítica não se dará apenas com iniciativas na área econômica. Será necessário o restabelecimento da confiança dos agentes econômicos no timoneiro da nau Brasil.
A presidente Dilma Rousseff perdeu a credibilidade ao prometer na eleição de 2014 o que não pretendia entregar e nem que a vaca tussa a recuperará em meio à recessão. Vai continuar sendo vista, pela grande maioria dos brasileiros, como a mãe do miserê atual e o primeiro obstáculo a ser removido para o País sair do fundo do poço.
E, enquanto não se desatar o nó político, os grandes capitalistas continuarão jogando na retranca, adiando investimentos e enxugando custos, pois lhes importa mais não sofrerem perdas mínimas do que muitos brasileiros estarem perdendo tudo que têm.
Já que a presidente Dilma Rousseff não admite deixar por suas próprias pernas o Palácio do Governo e nada indica que nele permanecendo conseguirá evitar que mergulhemos numa depressão econômica de efeitos devastadores, a melhor saída para os trabalhadores e excluídos será a cassação da chapa presidencial pelo TSE, com a consequente convocação de uma nova eleição.
Nem vou entrar na questão de se há ou não embasamento legal para tanto, pois sei que, em circunstâncias extremas, os países e os povos sempre encontram justificativas para a adoção de medidas de salvação nacional. E é disto que se trata neste momento!
Mas, seria um caso em que a Justiça Eleitoral escreveria certo por linhas tortas, pois o pior estelionato eleitoral brasileiro de todos os tempo é motivo imensamente mais grave para a anulação do resultado das urnas do que os alegados pelos oposicionistas.
As leis brasileiras são patéticas, atêm-se ao secundário e não punem quem faz campanha prometendo exatamente o contrário do que já decidira fazer, o que se constitui na própria negação da democracia!
Vale repetir: a campanha à moda do Goebbels da Dilma, agressiva e falaciosa ao extremo, tornou extremamente ilegítima sua reeleição, tendo sido a principal causa do ano político catastrófico de 2015, muito mais do que os efeitos da Operação Lava-Jato. O povo não é bobo, percebeu ter sido vítima de uma vigarice eleitoral e não se conforma. Quem será insensível a ponto de negar-lhe tal direito?
E é porque o poder está suspenso no vácuo que temos de devolvê-lo à sua fonte, o povo. Dar-lhe a oportunidade de indicar uma saída, já que os poderosos se mostram impotentes para tanto: não se entendem e, com suas disputas mesquinhas e canibalescas, estão nos conduzindo para o imponderável.
Dez milhões de desempregados num país cujo povo é muito pobre (nunca deixou de sê-lo apesar da propagandaiada ufanista: está aí o IDH sofrível que não me deixa mentir), significarão miséria, desespero e morte nas periferias, grotões e quebradas do mundaréu. Quem será insensível a ponto de não se comover?
Dilma significa um, um mandato a que se apega com unhas e dentes, sem jamais mostrar competência para exercê-lo nem humildade para reconhecer que cometeu erros crassos na gestão anterior e agora os está cometendo piores ainda, ao insistir em impor-nos o receituário econômico da direita apesar de ter sido eleita pela esquerda. Como ela se tornou tão insensível a ponto de não renunciar?
2,7 milhões de desempegados adicionais no espaço de um ano é um número bem maior do que um. Mexe muito mais com meus sentimentos e convicções.
É pelos 2,7 milhões (e pelos que a eles se somarão) que choro.
São eles que, como homens de esquerda, deveríamos defender em todas e quaisquer circunstâncias, evitando que fossem levados à penúria e ao desespero por governos ineptos.
São eles que me inspiram a pregar, por enquanto no deserto, no sentido de que a esquerda recoloque a solidariedade para com os explorados no centro de suas preocupações.
Estar ao lado dos que vivem nas favelas, cortiços e casebres é muito mais importante para revolucionários do que desfrutar das mordomias dos palácios.
E gerenciar o capitalismo para os capitalistas não nos aproxima um milímetro sequer da revolução.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.