“Necessitamos conhecer o nosso idioma com suas gírias e expressões regionais para evitarmos constrangimento ou informações errôneas”
Recentemente, em uma daqueles episódios ocorridos no trânsito, entrei em uma vaga de estacionamento e um motorista que estava atrás de mim, praguejando e mostrando o ‘dedo do meio’, vociferou aquela famosa frase: “Vai para a casa do caralho!”.
Atônito e revoltado, pois não tinha feito nada que pudesse merecer a ira daquele motorista, saí para fora do carro já resolvido responder àquela agressão verbal da qual tinha sido vítima; todavia, por um momento hesitei e refleti, e depois de um breve déjà vu, lembrei-me de minhas aulas de gramática e até mesmos das brincadeiras de escola, e a sensação colérica que havia sentido deu lugar a uma sensação de compaixão pelo meu agressor que havia proferido aquelas palavras no intuito de denegrir-me, mas que, no entanto, usou a expressão errada, por ter se enganado, ou mesmo por falta de conhecimento. Isso porque a expressão “vai pra casa do caralho!”, não é uma agressão verbal como alguns pensam, e no intuito de colaborar com a elucidação desta expressão ‘aterrorizadora’, tentarei explicar o seu significado.
Casa do caralho seria aquela plataforma acima do mastro das antigas embarcações à vela, que também pode ser chamada de gávea. Era o lugar mais alto e pior da caravela para se ficar, balançava muito, o sol queimava e era solitária. Quando os marinheiros se comportavam mal eram mandados para a ‘casa do caralho’, ou seja, para a pequena cesta no alto dos mastros das caravelas onde, dali, os marujos observavam o horizonte. Mas era um lugar muito instável, repercutia qualquer balanço do navio com maior intensidade; portanto era um local no qual ninguém queria ir, e servia como castigo.
Retornando ao meu incidente de trânsito, achei melhor cogitar que o motorista estava querendo me impor qualquer castigo pelo fato de ter pegado a vaga de estacionamento que ele pretendia e não me ofender. Assim, voltei aos meus afazeres mais calmo e sem estresse, restando-me a lição de que necessitamos conhecer o nosso idioma com suas gírias e expressões regionais para evitarmos constrangimento ou informações errôneas, como a que aconteceu comigo e o outro motorista.
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Celso Ricardo é mineiro da cidade de Liberdade, mas radicado em Fervedouro, também em Minas Gerais, desde o ano de 1999. Formando em Administração de Empresas; Bacharel em Teologia, Pedagogia e Bacharel em Direitos Humanos com Ênfase em Ciências Sociais. Possui ainda especializações e Pós-Graduação em: Gestão Ambiental; Gestão Pública pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais; Psicanálise, Acupuntura, Ciências da Religião, Maçonologia – História e Filosofia e MBA em Gestão Empresarial. É Dr. h.c. Administração pela Logos University In. e Dr. h.c. em Educação pela Faculdade de Ciências Médicas e Jurídicas – FACMED. Servidor público de carreira trabalha há mais de 20 anos na área de saneamento básico. Professor designado pelo Estado de Minas Gerais, leciona para cursos técnicos na área de Administração de Empresas e afins. Possui 11 livros publicados e já participou de 46 antologias literárias, sendo que frequentemente organiza antologias objetivando divulgar a literatura. É membro de diversas academias literárias, como a FEBACLA, ACLA-MG; Academia Volta-Redondense de Letras e outras.