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A proposta da dramaturgia é reforçar o caráter poético da obra de Marcelino Freire no palco, aproximando-a da realidade nua das sombras da noite paulistana
Em Nossos Ossos, a Cia partiu do primeiro romance do premiado autor pernambucano radicado em São Paulo Marcelino Freire para a construção do espetáculo, a partir de linguagens múltiplas, como a música (em forma de texto cantado), cenas visuais que contam a história potencializando o discurso da fala, o teatro gestual como dramaturgia do corpo, e assim por diante. A peça tem dramaturgia de Daniel Veiga (paulistano) e música original de Isabela Moraes (pernambucana). Os figurinos levam assinatura de Marcos Valadão, luz de Gabriele Souza, direção musical e arranjos de Marco França. O elenco é composto pelos atores: Vitor Vieira, Aivan, Evas Carretero, Demian Pinto, João Victor Silva e Cezar Rocafi.
A história acompanha a saga do dramaturgo premiado Heleno para fazer as honras fúnebres a um garoto de programa, Cícero, brutalmente assassinado nas ruas de São Paulo.
O espetáculo será realizado simultaneamente na versão presencial (24 pessoas por sessão) e na versão online. No teatro, o público assiste à peça em cabines de “peep show”, isoladas. Essa ideia, além de se configurar como uma segurança para o público e atores nesse momento de transição para retomada do teatro presencial, faz parte da dramaturgia, como se o espectador estivesse numa cabine de um sex shop secreto ou ainda dentro de um apartamento olhando pela janela o movimento da noite, na rua; ou ainda numa terceira alusão, dentro de um carro, observando os frequentadores da madrugada paulistana.
A versão online é reduzida e ao vivo e a câmera entra na encenação como um personagem. O câmera-man faz parte da ação como um passante que filma as cenas do cotidiano com seu celular. Dessa forma, o espetáculo atinge um público ainda maior, que pode ver o espetáculo de casa, do seu computador pessoal. Uma ação complementa a outra, não invalidando nenhuma das experiências. Cada uma terá um olhar personalizado, garantindo o interesse e o acesso ao espetáculo e tornando a forma totalmente viável em tempos de pandemia e distanciamento social. Não se trata de uma adaptação de uma obra aos nossos tempos, mas sim um projeto que já nasce nesse formato, garantindo sua realização.
A proposta da dramaturgia é reforçar o caráter poético da obra de Marcelino Freire no palco, aproximando-a da realidade nua das sombras da noite paulistana. Uma proposta atemporal, que reúne personagens da década de 80 até hoje, num povoado de seres que habitam e habitaram nossas ruas, pessoas à beira da marginalização e da violência que assombra a cidade. Daniel Veiga explorou esse submundo, colocando em discussão as relações de caráter público e privado, onde a rua torna-se casa e local de trabalho; onde a vida torna-se parceira da morte a cada instante; onde a poesia da tragédia torna-se ação dramática e nos faz pensar. A ideia de capítulos nomeados como partes do corpo humano – sugerindo uma autópsia – presente no livro foi mantida como quadros do espetáculo, ressignificando a ideia em cenas do corpo humano de acordo com o conceito de cada bloco.
“Nossos Ossos é significativo pois discute vários pontos a partir da existência humana, no caráter social, moral e político: a solidão, a falta de oportunidades, a arte, as relações não aprofundadas, a desigualdade; num mundo onde as relações a cada dia se tornam cada vez mais virtuais, Nossos Ossos é um grito poético e visceral do ser humano que clama por vida real.”, comenta Kleber Montanheiro.
Sinopse
Tendo como cenário o submundo da noite de São Paulo, “Nossos ossos” é uma fábula visceral sobre a proximidade entre o amor e a morte: cada capítulo é associado a uma parte do esqueleto humano. O protagonista é Heleno, dramaturgo que resgata no necrotério o corpo de um michê e se impõe a missão de levá-lo até Poço do Boi, em Pernambuco. Durante os preparativos para a estranha aventura, ele relembra a própria história, da infância mirrada e pobre no sertão ao sucesso na metrópole paulistana. Na prosa poética de Marcelino Freire, uma fábula macabra sobre a proximidade entre amor e morte.
A cenografia
Idealizada por Kleber Montanheiro, a cenografia partiu da ideia dos ossos, do esqueleto: possibilidades de estruturas que venham a ser a metrópole paulistana ou o sertão nordestino. Que os olhos entendam como prédios, casas ou choupanas, galhos secos. Como um raio x que mostra o que sustenta. No entorno, cabines de voyeurs que são o público, isolados, pertencentes à ação dramática; no centro, a história a ser contada.
O Figurino
Assinados por Marcos Valadão, os figurinos partiram, como pesquisa inicial, de uma referência de 2012: “A Hora do Brasil” por Jum Nakao; a coleção que teve como foco enaltecer as riquezas do Nordeste.
O conceito desenvolvido por Jum Nakao trabalhou com as várias tipologias nordestinas (selaria, tecelagem, corda, couro, osso, crochê, renda, entre outros materiais) e o espírito ‘handmade’ – demonstração do luxo produzido na região. Os desenhos traziam as referências do nordeste brasileiro como esqueletos, sobreposições de formas e volumes. Jum Nakao, paulistano, neste trabalho fez o caminho que será percorrido em toda a pesquisa estética de Nossos Ossos: a metrópole paulistana em fricção contínua com o nordeste brasileiro.
A Iluminação
Assinada por Gabriele Souza ressalta a ideia de tempo e espaço: as cores remetem ao sertão nordestino em temperaturas quentes e ao mesmo tempo exibem a cenografia, de forma a transportar o espectador para os ambientes internos e externos. A temperatura mais fria e a utilização de sombras, com a projeção de luminosidade sobre as estruturas, trazem o ambiente soturno e gélido da cidade de São Paulo.
A música
A música é utilizada como texto cantado, em comum acordo ao texto falado, com composições inéditas da artista Isabela Moraes, especialmente para o espetáculo. Isabela Moraes é um expoente da música brasileira nesse momento. Nascida em Caruaru (PE) em agosto de 1980, é cantora e compositora que se dedica profissionalmente à música desde os 18 anos. Isabela vem sobressaindo na atual cena pernambucana nos últimos tempos. A ponto de ter chamado a atenção da gravadora carioca Deck, com a qual assinou contrato para debutar no mercado fonográfico, após ter músicas gravadas por cantores como o conterrâneo Almério e a paulistana Mariana Aydar. Sucessor de Agora ou Nunca Mais e Bandeira em Marte, discos de reduzida distribuição regional, o terceiro álbum da cantora foi gravado em 2019 no estúdio carioca Tambor com com a adesão de Marcelo Jeneci.
Sobre o autor
Marcelino Freire (1967), escritor brasileiro pernambucano radicado em São Paulo, publicou obras de extrema importância para nossa história: Angu de Sangue (2000), BaléRalé (2003), Contos Negreiros (2005) – Prêmio Jabuti de Literatura, em 2006 -, Rasif – Mar que Arre- benta (2008) e Amar é crime (2010). Nossos Ossos (2013), é o primeiro romance do autor. A obra chegou a países como a Argentina e França e ganhou o Prêmio Machado de Assis 2014 de Melhor Romance.
Ficha técnica:
Do romance de Marcelino Freire. Adaptação: Daniel Veiga. Direção e cenografia: Kleber Montanheiro. Figurinos: Marcos Valadão. Desenho de luz: Gabriele Souza. Direção Musical e arranjos: Marco França. Músicas Originais: Isabela Moraes. Assistente de Direção: Gabrielle Britto. Elenco: Vitor Vieira, Aivan, Evas Carretero, Demian Pinto, João Victor Silva e Cezar Rocafi. Costureira: Salomé Abdala. Máscara: Franklin Almeida. Direção de Cenotecnia: Evas Carretero. Serralheiro: Airton Lemos. Assistente de Cenografia: Thais Bone ville. Microfonista: Eder Sousa. Fotos: Cleber Correa. Visagismo: Louise Helène. Produção: Movi Cena Produções. Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Serviço:
Duração: 70 minutos
Faixa etária: a partir de 14 anos
Lotação: De 12 a 24 pessoas (pessoas juntas na mesma cabine ou individual)
Entrada: mediante apresentação de carteirinha com pelo menos 1 dose.
Valor dos Ingressos 40,00 inteira e 20,00 meia (Cada ingresso garante 1 cabine, ou seja 2 lugares.) Pelo Sympla.
https://www.sympla.com.br/espetaculo-nossos-ossos—cia-da-revista__1370478
Quando: Sábados e domingo às 19h. Sessões extras de sábados as 21h30
Sessões do dia 30, gratuitas.
Para o público em casa, ação do projeto, será disponibilizado um vídeo ao mesmo tempo que começa o espetáculo.
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Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira