Minha Minas Gerais
Mineiro é coisa chique, que vem apurando de fora para dentro, com um jeitinho tímido, logo revela sua simplicidade e acolhimento.
No sotaque digo e ainda atrevo em afirmar, que mineiro é culto de nascença, seu sotaque e jeitos, ditos um pouco preguiçosos porque engole as palavras e encurta o diálogo, que é longo de nascença, reflete a inteligência desse povo mineiro.
Das extremidades territoriais, os mineiros levam o sotaque paulista no sul, misturado com o sotaque carioca no sudeste, ou quem sabe com o capixaba que tem em Guarapari a sua praia mais mineira do Brasil.
Subindo ao norte vem a Bahia, que deixa o sotaque bem caprichoso, que eu mesmo achei ser baiano.
Mas em terra longa como as Gerais, o mineiro se mistura, puxando o amor pelo sertanejo de Goiás, São Paulo então volto a raiz, do dialeto sulista desse estado de graças, que puxa o “R” na pronuncia dessa minha Minas de poli línguas de suas extremidades.
Mas ah! Minha Minas Gerais… De um povo amável e acolhedor, que entra em seu seio, na trilha dos bandeirantes a caminho do ouro, prata e diamante, que deixa nesse percurso a influência das línguas externa, e encontra a essência de seu povo verdadeiro.
Sotaque manso e desconfiado, que traz o “sô” como pronome de respeito.
O ali do mineiro é uma légua Paulista.
O trem bão não é locomotiva.
A moça sô, não está sozinha.
Um cadinho pode ser um pouquinho.
Como também oceis não é um grupo de seis, mas quem sabe uma multidão.
Quando cansa da caminhada, pede para perar um tiquim.
Adoro o mineiro, principalmente na hora do café, que tem o docindileiti, cafezim com broinha de fubá ou com biscoidipuvio. Não sei se conhecem, mas adoro o franguim com quiabu, nem me fale do torresmi bem fritim, e no cair da noite, nada melhor do que o mingau de mio com couve bem picadim.
Esse é o coração do mineiro, bem no centro da Gerais, que olha o semáforo vermelho e péra um tiquim, quando abre o amarelo logo o motorista prestenção sô, no verde então, o mineiro cauteloso agora podii.
Não tem despedida mais amável, que o “tchau procê”, e no encontro mineiro sai o primeiro verbete, “uai? Comé qui cê dá?” Mas logo a hospitalidade mineira toma conta pelo seu carinho, tanto amor que num dê conta de revelar, mas como bom mineiro, peço que prestenção sô, pois falaremos igualzim ao coração de Minas, que é muito sabido na sua fala, que come pelas beiradas de mansim, e quando se encontra sem caminho, descobre que cê tá lascado sô, sem saber oncotô, e nem proncovô, o mineiro sai de fininho, talvez com fome vai cumê um trem, para matar a quifomqueutô, num quidito nessa conversa? Pois digo como mineiro, que você pode acreditar só um cadim.
Ah! Minha amada Minas Gerais, que pulsa o coração de Belzonti, e não minto que falamos des jeitn mesmo, mas é bão demias sô, ter a nossa personalidade própria.
Ah! Minas que amo, que está nu coração dagen, mas engana quem pensa que mineiro é assim, somos o sonho da terra, o fruto do amor, o abraço acolhedor, de um povo quieto, que presta muita atenção, para não sair falando besteiras, sem ter razão.
Se as frases curtas é a expressão do povo Mineiro, diga João Guimarães Rosa, ou quiçá, Carlos Drummond de Andrade, podendo também falarmos de Fernando Sabino, a felicidade de ser mineiro e trazer contigo o sotaque apaixonado de uma terra persona.
Ah! Minha Minas Gerias que amo demais, que originou de uma miscigenação, de vários estados, povos e nação, se baiano cansado é mineiro, minas é o berço dessa nação de múltipla cultura em sua miscigenação.
Leandro Campos Alves
leandrocalves@hotmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional