novembro 21, 2024
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Verônica Moreira: 'Insônia e laranjas'

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Verônica Moreira

Insônia e laranjas

Já comentaram comigo que os poetas são notívagos. De fato, eles são, e eu como poetisa posso afirmar que sim.
Embora o dia tenha sido cansativo, eu continuo sem sono e imaginando como será a rotina de trabalho no dia de amanhã. Por hoje, lavei toda roupa suja, limpei a casa, lavei louça o dia todo, porque é assim, aqui em casa parece que só tem cozinha. Nunca vi um povo gostar tanto de comer!

Escrever é a minha paixão, mas ser dona de casa foi minha escolha e ter nascido mulher é uma predestinação divina e sou grata por ser escolhida para ser a mulher que sou hoje. Sou mãe, esposa, dona de casa e não sou Bombril, mas tenho mil e uma utilidades! É bom usar o bom humor de vez em quando, não é mesmo?! Mas a realidade é que ainda não entendi o propósito da minha existência, portanto, enquanto não descobrir vou me “desdobrando” vou me “virando nos trinta”. Eu poderei vencer, dia após dia. Já é 1h00 da manhã e, eu ainda acordada e pensativa, preocupada com algumas coisas, não consigo dormir. E para completar me deu uma sede danada e decidi me levantar. Fui até a cozinha pra beber água e me deparei com algumas laranjas em cima da mesa, e foi ali, naquele momento que entendi que minha sede não era de água e sim daquelas laranjas. Descasquei-as e as chupei deliciosamente, até sugar todo caldo adocicado. As laranjas estavam mais suculentas do que nunca. Talvez, porque realmente eu estivesse com muita sede de algo que não fosse água. Terminando de degustar a fruta da qual mais gosto, voltei pra cama, tentando novamente dormir.

Já é 1h31 da manhã e eu ainda estou sem sono, porém saciada. Mas, fico a pensar no quanto amo laranjas e quanto é maravilhoso poder comer o que gostamos. Enquanto o sono não aparece, vou escrever o que me veio agora no pensamento…

Reparei algo e vou dividir com vocês, pois acho que pode ser algo bem comum. Reparem que: podemos gostar muito de uma fruta, mas só sentimos o real prazer de degustá-la nos momentos em que mais desejamos sentir o seu sabor. Não quer dizer que das outras vezes que experimentamos não sentimos a essência, ou o sabor inigualável. Mas, repare que sentimos prazer maior em provar da fruta quando realmente necessitamos de suas substâncias nutritivas. Parece que o nosso organismo pede. Eu senti que faltava algo, era sede de algo e não era de água. Sabemos discernir a diferença. Pelo menos, eu sei!

Penso ser assim, não só em relação aos alimentos que mais gostamos ou precisamos para manter o equilíbrio do nosso organismo, mas também em relação às pessoas que estão à nossa volta. Há momentos que precisamos mais das pessoas que amamos, queremos mais beijos, mais abraços e mais atenção. Queremos mais toques e precisamos loucamente senti-las, é uma necessidade extrema que nosso organismo implora. Porém, haverá momentos totalmente diferentes, onde vamos pedir um pouco de distância, não por muito tempo, mas pelo tempo suficiente para sentirmos a mesma necessidade novamente e isso não quer dizer que deixamos de apreciar o sabor. É como a laranja. Eu amo sentir o sabor dela, mas há dias que eu preciso desesperadamente de suas substâncias, o que a torna ainda mais saborosa.

Já são 2h09 da manhã e agora preciso dormir de qualquer jeito. Caso contrário, amanhã não serei ninguém. Por hoje, senti o sabor incomparável da laranja.

 

Veronica Moreira
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