Viverei por eles
Hoje o dia foi cansativo, e como de costume, antes de poder deitar na cama e descansar, eu preciso arrumar o jantar. Há dias que a vontade é de esquecer os afazeres, e fingir que estou de férias. Mas a realidade insiste em me acordar, sonhar pra quê, não adianta, alguém sempre vem me acordar. Eu preciso viajar pra um lugar onde a lucidez não me acompanhe, pois, assim, poderei fazer tudo o que em meu interior eu desejar. Mas acabei de servir o jantar e a família se reuniu na sala, isso sim é maravilhoso! Acho que o melhor momento do meu dia é quando nos reunimos. O Jhon, com o prato de comida na mão e fazendo piadinhas para provocar o pai dele, eu, do outro lado morrendo de rir, todos rimos muito e o tempo passa muito rápido!
Eu gostaria que esses momentos demorassem um pouco mais, porque, ao meu ver, são os melhores momentos do meu dia. Já é tarde, agora são 23h24min. Em vez de dormir, resolvi vir escrever um pouco. Sentei-me diante do notebook na intenção de corrigir alguns poemas meus para publicar num outro dia, mas ao estar no silêncio do quarto que futuramente será meu escritório para trabalhar, eu me distrai olhando um banner do meu filho que está na parede deste quarto, desde o seu aniversário de três anos.
Olhando para a fotografia dele ali, tão lindo, tão saudável, eu fui remetida a muitas lembranças, pude sentir todo aquele carinho e meiguice em seu olhar. Meu pequeno Jhon agora cresceu e já é um adolescente com seus 12 anos, uma fase muito complicada, porque já começa as mudanças de humor, às vezes ele fica irritado facilmente, chora por querer algo, e vejo que, o que ele mais quer, é sentir-se livre! Mas, quem é mãe sabe como é difícil deixar os filhos aprenderem a andar sozinhos, principalmente para mães como eu, que não conseguem dar um passo sem ter a certeza de que o filho está em boa companhia.
Muito cedo eu tive que aprender que não é certo confiar em todo mundo, infelizmente, porque vemos casos em que a criança é maltratada por aqueles que dizem amá-las, o que é lastimável, mas meu filho nunca saiu de casa pra dormir na casa dos amigos e nem dos parentes, a não ser que eu fosse junto. Eu perdi a confiança nas pessoas, porque vivi na pele a maldade.
A proteção em relação ao meu filho talvez seja mesmo exagerada, mas não consigo deixar de ser assim. Só sei que preciso deixá-lo ele mais à vontade para brincar e fazer amizades. Creio que já cumpri minha missão e acho que até o momento consegui conduzi-lo ao bom caminho. Ele ama a Deus, é um filho amoroso e que tenta a todo tempo me agradar. Sou uma mãe feliz, porque tenho um filho muito mais que especial. Ele é a razão pela qual eu quero viver até ficar bem velhinha. Quero ter a certeza de que fiz um trabalho bem feito.
Que ao partir desse mundo eu deixe um homem e não um menino. Que ele saiba dar flores para a esposa e não espinhos. Que meu filho tenha a capacidade de concertar quando errar com alguém. Que ele saiba ser gentil com todos, independentemente de ter tido um dia mal em casa ou no trabalho. Pedirei sempre e enquanto eu existir que meu filho não seja um homem ignorante, porque o que eu mais odeio em um ser humano é a ignorância, e não falo da ignorância de não saber ler ou escrever, falo da ignorância da falta de respeito e compreensão com o sentimento das outras pessoas; eu tenho pavor de gente arrogante, que gosta de diminuir os outros para sentir-se superior.
Como eu quero ver meu filho trabalhar com dignidade e ser provedor de seu próprio lar!
Se tão somente eu puder ver no meu filho um homem de bem, eu já serei uma mulher realizada. Tenho orgulho e meu coração se enche de alegria ao saber que metade da minha missão já está cumprida, pois também tive duas filhas que estão formadas e uma delas já é uma mulher casada. Sinto orgulho, porque sempre que olho para elas eu sinto um misto de alegria com uma sensação de dever cumprido.
Eu serei sempre a mamãe coruja e enquanto houver fôlego de vida em mim, viverei por eles.
Verônica Moreira
veronicanoe387@gmail.com
- Meu cupido - 14 de novembro de 2024
- Chuva que acalma - 28 de outubro de 2024
- O amor que ficou - 10 de outubro de 2024
Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira