‘Por que caiu? Caiu porque…’ – a história por trás da queda do Palace Dois na Barra da Tijuca
Quem tem mais de 40 anos e, principalmente, quem era morador da cidade do Rio de Janeiro em 1994, com certeza lembra da tragédia da queda do edifício de 22 andares chamado ‘Palace Dois’, situado no bairro da Barra da Tijuca, da construtora do ex-deputado federal, já falecido, Sérgio Naya, cujas colunas 1 e 2 caíram na madrugada de 22/02/1998, em pleno Carnaval. Dias depois, caiu mais uma coluna e o prédio inteiro teve que ser implodido, pois fora condenado pela Defesa Civil.
Um dos autores, Sebastião Murad, morava, com sua família, em uma das coberturas dúplex do edifício e eles foram os penúltimos a deixar o prédio – para nunca mais voltar – na fatídica madrugada.
Assim, através da larga experiência do escritor Emerson Rios, autor de 25 livros, a dupla narra desde a tragédia – que completou 24 anos neste 2022 – até a contenda na justiça, que se arrasta por todo esse lapso temporal, para o pagamento das indenizações, cuja maior parte ainda não foi efetivada, nada obstante o patrimônio bilionário de Sérgio Naya.
Li o livro em dois dias pois, além do assunto ser de meu interesse – lembro de toda extensa cobertura da mídia naquela época – há muitos detalhes desconhecidos que são descritos no livro.
Os autores conseguiram em um livro-reportagem, de 180 páginas, resumir, costurar e destacar os fatos mais relevantes, não deixando a emoção de fora, já que Sebastião conta sua fuga no dia da queda, as consequências da tragédia para sua família, além do drama dos demais moradores, que se arrasta até hoje.
O livro, além de muito necessário e informativo – pois aborda um dos casos mais graves de impunidade e injustiça na história do país, é interessante e ´prende` o leitor, que submerge naquela atmosfera, tomando conhecimento de detalhes curiosos e ainda desconhecidos, que só quem passou pela queda poderia saber e relatar.
Reviver as lembranças sempre é muito difícil e doloroso para os sobreviventes. Faleceram na queda oito moradores e, com o passar dos anos, tantos outros mais, muitos até por doenças desenvolvidas por conta do drama vivido e revivido, devido à ausência de justiça.
Sebastião Murad sempre esteve à frente das batalhas por justiça – que continuam até hoje – já tendo sido um dos personagens do curta-metragem ´Poeira nos Olhos`, realizado dez anos após a queda, e do longa-metragem ´Palace Dois-Três Quartos com Vista para o Mar`, documentário lançado em 2019 e que fez muito sucesso, alcançando muita repercussão. Sebastião Murad foi, também, entrevistado pelo canal internacional ´Discovery Channel`.
Enfim, recomendo a leitura tanto para os que se lembram do caso, quanto para os que devem conhecer!
Patrícia Alvarenga
patydany@hotamil.com
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Natural do Rio de Janeiro/RJ, é escritora e poeta. Trabalha como Analista (área processual) do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro. É Bacharel em Letras (UFRJ) e Direito (Uerj), pós-graduada em Educação (UFRJ). Dra.h.c. e Pesquisadora em Literatura. É autora do livro de poemas ‘Tatuagens da Alma – Entre Versos e Reflexões’, editora AIL, publicado neste ano, que foi escolhido como semifinalista do concurso ‘Livro do Ano 2021’, pela Literarte (o resultado do certame ainda não foi divulgado até a presente data). Participou do projeto ‘Parede dos Imortais’, na Casa dos Poetas, em Petrópolis-RJ, através da Associação Internacional de Escritores e Artistas. É coautora de, aproximadamente, 25 coletâneas. Detentora de prêmios literários, títulos e comendas, é também Embaixadora da Paz da Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos – OMDDH.
Membra vitalícia de seis academias literárias: ACILBRAS, FEBACLA, AIML, AIL, ALSPA (fundadora) e AILAP (fundadora). É ativista cultural nas redes sociais e participa de inúmeros saraus literários. Redes sociais:
Instagram: @patriciapoeticamente. Facebook: Patrícia Alvarenga