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Trabalhador: a força reivindicativa do progresso

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: Artigo ‘Trabalhador: a força reivindicativa do progresso’

Foto do autor do texto, o colunista Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo

O ‘Dia do Trabalhador’, comemorado no primeiro de maio, principalmente nos países democráticos, constitui um marco histórico na libertação da mulher e do homem: da escravatura salarial, da prepotência patronal e da reivindicação por melhores condições de trabalho, com garantias de uma velhice tranquila e materialmente confortável, porque ninguém deve iludir-se quanto ao futuro que, salvo alguma situação imprevisível, a maioria deseja atingir idade provecta, e usufrui-la com dignidade.

É normal que os trabalhadores lutem por melhores dias laborais, em todos os sentidos e, independentemente das profissões e estatutos que possuam, sejam: intelectuais, científicas, liberais, operários, agricultores, pescadores, mineiros, funcionários públicos, militares, policias, entre outras profissões.

É justo, e será legítimo e legal, que recorram a todos os meios para fazerem valer as suas pretensões, porém, e sempre que possível, minimizando os prejuízos aos colegas de outros setores, principalmente quando optam pelo instrumento mais incisivo, a grave que, sabendo-se o seu objetivo, é precisamente, causar danos e demonstrar que aquele grupo de profissionais faz falta à sociedade.

No “Dia do Trabalhador”, convém recordar que ele, em qualquer atividade profissional, é parte da máquina do progresso, cada um contribuindo com a sua quota-parte de tempo, de conhecimentos e de experiência, sem o que: cada empresário, patrões, chefias e outros interventores de topo, não teriam sucesso, ou então não continuariam a progredir numa determinada carreira.

Talvez interesse aqui referir que, por vezes, afigura-se existir algum afastamento, e até mesmo insensibilidade por parte dos trabalhadores no ativo, quando desencadeiam greves, para conseguirem melhores condições gerais pelo trabalho que realizam e, raramente, se lembram daqueles que, estando agora na reforma, já contribuíram para manter a empresa, onde os atuais têm os seus postos de trabalho, e até em melhores condições.

Verifica-se que nem sempre haverá solidariedade dos trabalhadores no ativo, para com os colegas reformados. Raramente ocorre uma greve, ou uma qualquer outra forma de luta, dos trabalhadores ainda em funções, a favor daqueles que, atualmente, aposentados, vivem com magras reformas.

Esta mentalidade, que poderá revelar falta de solidariedade e desconsideração pelos ex-colegas, em nada favorece a imagem de quem está no ativo que, afinal, também descartam aqueles que, eventualmente, no passado os tenha ajudado a entrar para a sua empresa, para a função pública, enfim, os tenha apoiado  para obterem um emprego., na gíria popular, aqueles que em tempos “meteram a cunha”.

O ‘Dia do Trabalhador’ também deve ser aproveitado, não só para manifestações, como também para refletir na situação que tendo sido trabalhadores, agora, grande parte, estão votados ao ostracismo. Neste dia, feriado nacional, consagrado ao trabalhador, não se pode ignorar, pelo contrário, quem trabalhou uma vida inteira e contribuiu para um país melhor, sofrendo na pele, quantas vezes, a humilhação, a repressão, a perseguição, para que hoje se possa comemorar este dia. Seria bom que nenhum trabalhador esquecesse o passado de seus avós, pais, parentes, amigos e conhecidos.

Não só no primeiro de maio, mas todos os dias, deseja-se que a população: quem trabalha; quem está a chegar ao mundo do trabalho e os que já deram décadas das suas vidas, deem as mãos para que haja mais união, mais solidariedade e mais reivindicações globais, para que possamos usufruir de melhores condições de vida. Na verdade, não pode haver portugueses de primeira e de segunda classes.

A comunhão intergeracional, agora mais do que nunca, é essencial para se revelar respeito, carinho e consideração por nos entes queridos que tanto nos ajudaram, quantas vezes, a sermos alguém na vida. Nós, os “velhos”, ou mais suavemente, os da “terceira idade” ou, ainda, diplomaticamente, os “seniores”, tal como dizia o Papa Francisco, não podemos ser “descartáveis”.


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal


Contatos com o autor



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Diamantino Bartolo
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