novembro 22, 2024
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Sergio Diniz da Costa: 'Os fortes, os bravos e os imprescindíveis'

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Sergio Diniz da Costa
Sergio Diniz da Costa

SERGIO DINIZ DA COSTA: ‘OS FORTES,  OS BRAVOS E OS IMPRESCINDÍVEIS’

 

Consulto minhas mensagens de e-mail e, dentre elas, deparo-me com uma notícia alvissareira: uma amiga noticiando a sua colação de grau num curso que lhe trará uma ascendência no serviço público.

Segundo ela, compartilhava comigo ‘um momento de felicidade conquistado com muita garra e suor’.  E narra que, por duas vezes quase desistiu do curso, mas seguiu em frente, motivada pelo lema de sua filha (uma poetisa mirim de 12 anos): ‘Insista, persista e nunca desista’.

E ela me questiona se essa filha não teria sido um anjo, colocado por Deus em sua vida.

Respondi a ela, felicitando-a e comentando que eu também, quando fiz o curso de Direito, também pensei em abandoná-lo, por várias e justificadas razões. Entretanto, com a mesma garra e suor que ela, segui em frente.

Eu tinha, então, dois anjos em minha vida: uma filha de 3 anos quando iniciei o curso e, no penúltimo ano, o nascimento de outra, que demandavam-me um tempo e preocupação, disputados com a peleja diária profissional. Elas, contudo, pela pouca idade, não tinham um lema; elas eram-me o lema incentivador.

Refletindo sobre a notícia da vitória, apesar das dificuldades, e a figura dos anjos terrenos, lembrei-me de um poema estudado nos bancos escolares, e que na época me impressionou e me motivou muito: ‘Canção do Tamoio’, de autoria de Gonçalves Dias, poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como ‘indianismo’. Sua primeira estrofe é retumbante: ‘Não chores, meu filho;/ Não chores, que a vida/ É luta renhida:/ Viver é lutar./ A vida é combate,/ Que os fracos abate,/ Que os fortes, os bravos/ Só pode exaltar. (…)’

E ainda envolvido com a emoção compartilhada, também me recordei de um pensamento que lançou raízes em minha alma, de autoria do dramaturgo, poeta e encenador alemão, Bertholt Brecht: ‘Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.’

A vida, é, realmente, luta renhida, disputada, combatida. Viver, de fato, é lutar. Principalmente quando digladiamos contra a injustiça, a falta de ética e de solidariedade humana, numa contenda que os fracos abate,  mas que os fortes exalta.

Não obstante, assim como minha amiga, mais do que lutar por um dia, e ser bom; mais do que lutar por um ano e ser melhor, tenho lutado a vida inteira. E assim pretendo continuar, sempre, até quando as forças físicas e mentais me proporcionarem, pois, matriculado na Escola da Vida, não posso aceitar ser apenas bom ou o melhor de mim mesmo, quando posso – e devo – tornar-me indispensável, imprescindível.

Creio, minha amiga vencedora, que é isso que os nossos anjos nos desejam, também!

Helio Rubens
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