Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘SEM SOLUÇÃO’
O crack, droga que mais escraviza, segue viciando multidões.
As cracolândias aumentam a cada dia, amontoando viciados como se fossem zumbis, à espera da morte que sabem não tardar. Não se aplica, ao crack, o argumento de que a droga afeta tão somente o usuário, não justificando lotar prisões e concentrar esforços públicos que pouco resolvem e muito corrompem, em se tratando da maconha.
O apelo aos delírios do crack faz de seus usuários ladrões e assassinos potenciais, capazes de tudo para conseguirem uma porção da droga. Tal impulso gera próspera indústria e rentável comércio, nada obstante envolver consumidores em sua maioria miseráveis.
O viciado em crack é, antes de tudo, um doente, com elevada e pouco controlável dependência física e psíquica. A cura nem sempre é fácil, dependendo sempre da colaboração do usuário e abnegação do cuidador.
As cracolândias liquidam seu entorno, intranquilizando moradores e afugentando o comércio. Milhares de brasileiros, moradores próximos, vivem em regime de recolhimento compulsório, aprisionados nas próprias residências, do anoitecer ao amanhecer, período em que a multidão de desvalidos toma conta das ruas e gera o triste quadro de terra selvagem, sem lei.
Experiências as mais diversas já foram executadas, como a tentativa de conduzir a multidão a dormitórios públicos, ofertar-lhes serviços de varrição e limpeza, remunerados, reservar hotéis inteiros a pernoites de viciados, etc. etc., mas todas demonstraram-se ineficientes, enquanto isoladas.
As conduções coercitivas para tratamento, e mesmo a oferta de tratamentos voluntários, não geram curas capazes de conter o aumento da população de viciados. O aprisionamento geraria verdadeiros campos de concentração.
Nas cracolândias, o tráfico persiste, apesar de vez ou outra contido por operações policiais, que geram condenações e novas modalidades de oferta da droga, em um círculo vicioso.
Os governos e a própria sociedade parecem incapazes de garantir o mínimo de cidadania aos que habitam as proximidades das cracolândias. Pequenas cracolândias surgem diariamente, em algum ponto de praças e jardins, sob viadutos, ou em terrenos baldios e prédios abandonados.
Chegamos à lua, dominamos tecnologias outrora impensáveis, mas somos incapazes de resolver o problema das populações zumbis. O tráfico desafia governos e acaba por corrompe-los.
Será que estamos utilizando corretamente o instrumento da educação, para conscientizar nossas crianças e jovens da gravidade do problema ?
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.