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A culpabilidade no ensino: um labirinto sem saída

Fidel Fernando:

‘A culpabilidade no ensino: um labirinto sem saída’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Educação: um ato de amor e responsabilidade compartilhada
 Imagem gerada por IA do Bing - 14 de outubro de 2024 
às 9:31 AM
Educação: um ato de amor e responsabilidade compartilhada
 Imagem gerada por IA do Bing – 14 de outubro de 2024
às 9:31 AM

Em tempos de café e conversas, a culpa parece ser o tempero favorito que adicionamos ao nosso cotidiano educacional. Ao vermos alunos a lutar com habilidades que não foram consolidadas nas classes anteriores, é comum atribuirmos a responsabilidade aos outros. Os olhares voltam-se para os professores das classes passadas, aos pais que supostamente falharam em acompanhar seus filhos, ou até mesmo aos próprios alunos, que, por sua vez, são, frequentemente, rotulados como desinteressados, por não se dedicaram como deviam.

No entanto, ao focarmos nossa energia em apontar dedos, não perdemos de vista o mais importante? Como professores, não seria mais eficaz trabalhar com o conteúdo da classe actual, enquanto, simultaneamente, reforçamos as competências que deveriam ter sido consolidadas no passado? Afinal, o problema não é novo, e as respostas baseadas na culpabilização raramente produzem soluções que transformam a prática pedagógica.

Entretanto, como bem aponta Leandro Karnal em seu livro “Conversas com um jovem professor”, essa busca incessante por culpados apenas perpetua um ciclo vicioso que, ao invés de contribuir para a solução, torna-se um labirinto sem saída. A educação não pode ser reduzida a um jogo de apontar dedos; ao contrário, deve ser um espaço de construção conjunta, onde todos, educadores, alunos e pais, têm papéis activos e responsáveis.

É fácil afirmar que o professor de Língua Portuguesa é o único responsável pela dificuldade de leitura e escrita dos alunos. Essa visão, no entanto, ignora o facto de que o uso e a prática da língua atravessa todas as disciplinas escolares e contextos sociais, e não apenas nas aulas de Português. O mesmo se aplica à Matemática. Quando um aluno não domina as operações básicas no domínio dos números naturais, a culpa recai sobre o professor de Matemática, como se o uso dos números fosse uma habilidade restrita a essa disciplina. Essa perspectiva é redutora e desconsidera a responsabilidade compartilhada que todos têm na formação do aluno.

Luís Filipe Pondê, ao reflectir sobre o papel da educação, lembra-nos que a educação é um processo contínuo e multifacetado, onde cada etapa se conecta com a seguinte. Em vez de de focarmos no que não foi aprendido, poderíamos redireccionar nosso olhar para a construção do conhecimento actual, integrando conteúdos programáticos do presente com aqueles que não foram consolidados no passado. Isso não significa deixar de diagnosticar problemas; pelo contrário, diagnosticar é fundamental. Porém, a verdadeira sabedoria reside em encontrar formas de sanar essas lacunas, ao mesmo tempo que se avança nos conteúdos do programa.

Em vez de fixar a culpa, que tal cultivar um ambiente de aprendizado colaborativo? A educação deve ser um espaço onde a troca de saberes e experiências entre alunos e professores é valorizada. Ao invés de nos perdermos em discussões sobre quem falhou, podemos focar no que podemos fazer juntos para melhorar a situação.

Assim, ao olharmos para nossos alunos, que não possuem algumas competências essenciais, que possamos nos perguntar: como podemos ajudá-los a se desenvolver? O verdadeiro desafio não é encontrar culpados, mas, sim, construir um caminho que os leve ao conhecimento. Afinal, errar é humano, e aprender, também. Que possamos, portanto, seguir juntos nessa jornada, construindo um futuro onde a educação seja, acima de tudo, um acto de amor e responsabilidade compartilhada.


Fidel Fernando


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3 thoughts on “A culpabilidade no ensino: um labirinto sem saída

  1. “Ao invés de nos perdermos em discussões sobre quem falhou, podemos focar no que podemos fazer juntos para melhorar a situação”

    Certamente, professor!

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