Lina Veira: ‘Academias relevantes?’
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Lina Veira"
Lina Veira
Sem sombra de dúvida, é preciso repensar o papel das academias de letras em todo país, nos dias hodiernos.
Conta a história que, por volta de 387 a.C. num jardim da periferia de Atenas, foi construída a Academia de Platão. Ali, o saber era encontrado mediante um processo endógeno, através dos constantes questionamentos do pensar. Sua escola deixou significados, pois o saber não é apenas para ser ensinado, mas produzido, elaborado.
No Brasil, a ABL – Academia Brasileira de Letras foi fundada em 1897 por escritores brasileiros de destaque, como Machado de Assis, Olavo Bilac, Joaquim Nabuco, entre outros. A instituição é inspirada na Academia Francesa de Letras. Teoricamente acolhe todo candidato brasileiro nato que seja autor de obra literária de reconhecida importância, com qualidades literárias. Membros e cadeiras com seus respectivos patronos (= Membros Titulares). Comporta também membros correspondentes, membros beneméritos e membros honorários. Cada uma com seus respectivos Estatutos. Realizando eventos, publicações, premiações, atua na unificação da língua portuguesa.
Vou até contar um segredo: nunca entendi essa coisa de cadeira imortal, se ‘Os tais imortais’ quando morrem, sua cadeira é declarada vaga e perdem seu lugar.
Na prática, se dedicarem à literatura, às ciências e às artes, é a proposta. Buscar o aperfeiçoamento e incentivo à leitura, realizar publicações de obras literárias, rodas e debates sadios promovendo a história brasileira.
Um país não pode progredir sem uma vida intelectual na qual se enxergue e se reconheça entre os seus a literatura como unidade histórica, cultural e espiritual. Em prol da restauração intelectual nos estabelecimentos de ensino, sejamos! Em prol de nossas melhorias na escrita, sejamos!
Hoje vemos nossas academias enfrentarem muitos problemas, entre eles a ausência de critérios para ocupar suas cadeiras e a decomposição da leitura entre os ditos acadêmicos, além da adesão total ao acordo ortográfico e submissão as pautas que desagradaram a muitos, como vimos acontecer com o argumento da linguagem neutra que em textos oficiais não estaria conforme o padrão da língua culta e afetaria o padrão da língua portuguesa.
Precisamos como poetas, cronistas, contistas, autores, atuar com ‘consciência’ na unificação da língua portuguesa e realização de obras literárias de relevância, ser luz que se acende na alma do povo, ser inspiração, a mesma luz que nos obriga a escrever!
Deixe o mundo um pouco melhor com sua escrita, mas escreva com relevância
E conquiste o respeito de pessoas inteligentes, seja digno da admiração dos críticos honestos, dos falsos amigos, de sua posição de autor. Isso é sucesso.
Lina Veira
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Lina Veira, como é mais conhecida na área literária Maria Andrelina Oliveira Bento, natural de Fortaleza (CE), é formada em Engenharia Sanitária e Ambiental, escritora, cronista, contista e romancista. Tem projetos literários no Instagram, como Sábado com Poesia, saraus on-line e presenciais, feiras de livros, lançamentos e divulgação de autores na sua região. É autora dos livros ‘Um de meus Olhares’, Editora Motres, que explora questões profundamente humanas e deixa a utilidade da motivação e desapego, influenciando homens e mulheres e ‘Outras Flores se Abrem’, pela mesma editora, um livro altamente feminino, que deixa uma proposta calma e consciente do reinventar-se, e marca sua trajetória na escrita, deixando suas crônicas e versos como instrumento de liberdade. É coautora em algumas revistas e coletâneas literárias.